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Análise

Ao pedir a autorização do Congresso, Obama quer dividir os custos da decisão

GERALDO ZAHRAN ESPECIAL PARA A FOLHA

Quando os membros da Câmara e do Senado dos EUA voltarem das férias, no dia 9, terão pela frente o inesperado pedido de Barack Obama para que autorizem uma operação militar na Síria.

A crise orçamentária e as longas intervenções no Afeganistão e no Iraque restringem as possibilidades do governo americano.

O medo de que o apoio direto à oposição possa levar grupos islâmicos radicais ao poder tem impedido a tomada de ações incisivas.

A ex-secretária de Estado Hillary Clinton cansou de exigir a saída de Bashar al-Assad. Há quase um ano, Obama declarara que a utilização de armas químicas não seria tolerada. Até o momento, porém, nada de efetivo foi feito.

A ação agora planejada seria só uma punição pela utilização de armas químicas, não uma tentativa de encerrar o conflito.

A Casa Branca tem grande autonomia no uso das Forças Armadas. Seu programa de assassinatos por "drones" (aviões não tripulados) não requer autorização parlamentar. Em 2011, quando o país implementou zona de exclusão aérea na Líbia, o Congresso não foi consultado.

Na época, Obama contava com o apoio de uma resolução do Conselho de Segurança que aprovava a medida e de um pedido formal da Liga Árabe pela intervenção. A ação militar levou à vitória rebelde e à morte de Muammar Gaddafi, mas não deixou de ser fustigada pela oposição republicana como excesso da autoridade do presidente.

O contexto agora é outro. Rússia e China travam ações na ONU e, no Reino Unido, tradicional aliado, o Parlamento repudiou a atuação no conflito com memórias das mentiras sobre o Iraque.

Intervenções militares sempre foram tema difícil para Obama. Ele deve muito de suas vitórias eleitorais a posições contrárias à ação no Iraque e a promessas de encerrar a presença de tropas ali e no Afeganistão.

Nas últimas semanas, congressistas pediam que o presidente os consultasse sobre a Síria. Obama foi além e pediu autorização expressa do Congresso. O movimento é claramente político.

Sem apoio internacional, e certo de que seria criticado pela oposição, ele quer dividir os custos da decisão. A aposta é alta, tendo em vista o histórico de obstrucionismo da maioria republicana na Câmara e a indisposição da opinião pública.

Se tiver sucesso, ao menos terá um mandato claro, mesmo que para uma ação militar limitada e inadequada. Se perder, terá sua credibilidade arrasada dentro e fora do país. E nenhum desfecho evitará mortes de civis na Síria.


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