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Índia sentencia 4 à morte por estupro
Pena para crime que revoltou país foi saudada por família de mulher de 23 anos que morreu após ataque coletivo
Multidão comemora sentença e condenados dizem que recorrerão; denúncia de estupros dobra em Nova Déli
Uma multidão comemorou ontem diante de um tribunal de Nova Déli onde um juiz sentenciou à morte quatro homens condenados por participação no estupro coletivo e assassinato de uma fisioterapeuta de 23 anos na capital indiana, em 2012.
O limpador de ônibus Akshay Thakur, o instrutor de ginástica Vinay Sharma, o vendedor Pawan Gupta e o desempregado Mukesh Singh foram condenados no começo da semana, mas a pena só foi pronunciada ontem pelo juiz Yogesh Khanna.
Khanna descreveu o ataque, que aconteceu dentro de um ônibus em movimento, como "tendo sido cometido de maneira extremamente brutal, grotesca, diabólica, revoltante", que "chocou a consciência coletiva". A fisioterapeuta, penetrada com uma barra de ferro, morreu devido aos ferimentos.
A mãe da vítima --cuja identidade não foi revelada-- abraçou os investigadores que conduziram o caso e os agradeceu. O pai do amigo da vítima que a acompanhava durante o ataque e também foi ferido comemorou. "Meu respeito pelo Judiciário indiano se multiplicou. Eles mereciam a morte e foi essa a sentença que receberam", disse Bhanu Pratap Pandey.
Diante do tribunal, onde uma multidão aguardava o anúncio, Ashwini Malhotra, 56, disse que continuaria inseguro com sua filha percorrendo as ruas de Nova Déli. "Um enforcamento público teria sido excelente."
PENA "GARANTIDA"
O crime contra a fisioterapeuta foi seguido de protestos em toda a Índia e o clima nos jornais e TVs durante o julgamento refletiu a ira contra os estupradores.
No começo da semana, Sushil Kumar Shinde, ministro do Interior indiano, tomou a incomum atitude de declarar que a pena de morte estava garantida --indicação da preocupação do governo com a opinião pública, que criticou a reação oficial ao crime.
As leis contra agressão sexual foram reforçadas no país após o incidente, mas reformas mais sérias requererão mais tempo, dizem ativistas.
Até agosto, 1.098 casos de estupro foram reportados em Nova Déli, mais que o dobro do registrado no período em 2012, segundo a polícia.
Os sentenciados ontem pelo crime podem recorrer. Depois do início do julgamento, em fevereiro, um quinto suspeito se enforcou na prisão. Outro, menor de idade, pegou três anos de detenção.