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Israel reforça treinamento no front egípcio

Folha acompanha rotina do Exército perto da fronteira com país árabe, hoje instável e visto como possível ameaça

Treinamento começa ao amanhecer e inclui simulação de tomada de montanha e uso de munição real

DIOGO BERCITO ENVIADO ESPECIAL A HAR KEREN

Soldados assumem a posição de "chet", uma letra do alfabeto hebraico parecida com um quadrado aberto em um dos lados. No meio, o comandante distribui ordens: conquistar uma montanha tomada por 25 terroristas na fronteira entre Israel e Egito.

Se antes de 2011 a premissa do treinamento do batalhão Caracal parecia ficção, hoje as situações simuladas pelas Forças de Defesa de Israel para preparar soldados têm um quê de real.

Essa longa fronteira arenosa no sul do país foi, durante décadas de ditadura no Egito, um território considerado sob controle. Mas, com a deposição do regime de Hosni Mubarak, Israel voltou a se preocupar com o Sinai.

Em setembro do ano passado, um ataque de militantes egípcios deixou um soldado morto ali. Recentemente, o aeroporto de Eilat foi fechado por ameaças. Semanas depois, voos da companhia aérea El Al foram cancelados.

Daí a sensação de urgência no treinamento acompanhado pela reportagem da Folha, na semana passada, na base de Har Keren, perto das fronteiras com o Egito e Gaza.

"Estamos mais preparados", afirmou um comandante, que por razão de segurança não pode ser identificado, notando que foi um soldado do batalhão Caracal que impediu a passagem de militantes em setembro de 2012.

SECOS E MOLHADOS

O treinamento em Har Keren simula uma operação contra terroristas em um terreno desértico e ondulado.

Divididos em três grupos, soldados preparavam as metralhadoras às 6h, quando a reportagem chegou.

Na contraluz do amanhecer, eles pintavam os rostos uns dos outros com a tinta verde de camuflagem, atentos para não se aproximar das granadas amontoadas em um canto, remanescentes de um treinamento anterior.

A operação leva em torno de seis horas, entre preparativos e ação. A primeira etapa é "yavesh" ("seco"), sem munição. Em vez de disparar, eles gritam "esh" --"fogo".

Eles repetem os mesmos procedimentos em um treinamento "ratov", ou "molhado". Dessa vez, disparam com munição letal, num exercício cuidadosamente organizado.

Um primeiro grupo, à distância, dispara contra a montanha que o batalhão tenta conquistar. Em seguida, um segundo grupo sobe as escarpas e toma posições defensivas. A terceira parte finaliza a operação no topo.

"Estamos avaliando como os soldados se protegem durante a operação", diz outro comandante. "É o último passo no treinamento deles. Depois de hoje, são considerados combatentes."

GUERRA E PAZ

A paz entre Israel e Egito, acordada em 1979, contribuiu para tornar a região do Sinai relativamente calma, se comparada às fronteiras com o Líbano e a Síria. Mas o naufrágio do regime egípcio, com a revolução de 2011, tornou a desestabilizar esse deserto.

A crise no governo do presidente islamita Mohammed Mursi, no final de 2012, trouxe de volta para a região os grupos militantes ligados à rede terrorista Al Qaeda e à facção palestina Hamas, que hoje lidera a faixa de Gaza.

A situação chegou a um ápice com o golpe militar de 3 de julho, quando Mursi foi deposto pelo Exército do Egito. A derrota do islã político no país deu início a nova onda de terrorismo no Sinai, com frequentes atentados.

Em agosto, relatos divulgados pela mídia davam conta de um ataque israelense com um "drone" (avião não tripulado) no norte do Sinai, matando militantes e destruindo um lançador de míssil. O governo de Israel nega.


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