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Irã põe à prova aproximação com Ocidente

Nova relação será testada nesta semana com visita do presidente Rowhani aos EUA, para Assembleia-Geral da ONU

Encontro com Obama vem sendo cogitado, mas ambos os líderes enfrentam resistência doméstica a isso

SAMY ADGHIRNI DE TEERÃ

Em apenas sete semanas no cargo, o presidente do Irã, Hasan Rowhani, mandou soltar presos políticos, parabenizou judeus pelo seu Ano Novo e prometeu se esforçar para provar que Teerã nunca construirá a bomba atômica.

Os acenos para mostrar a cara nova do Irã, após oito anos da era Mahmoud Ahmadinejad, serão colocados à prova nesta semana, quando Rowhani formalizará sua apresentação ao mundo, durante a Assembleia-Geral da ONU, com um objetivo: restaurar laços com os EUA.

Segundo diplomatas e analistas consultados pela Folha, Teerã está sob intensa pressão por causa das sanções econômicas e parece ter decidido que o fim do impasse acerca de seu programa nuclear só é viável com diálogo direto com Washington.

Um dos sinais mais visíveis da nova abordagem iraniana é a decisão do líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, de apoiar esforços de Rowhani.

Dono da palavra final na teocracia iraniana, Khamenei diz que a "flexibilidade" é uma "qualidade heroica" capaz de beneficiar o país.

Em outra decisão surpreendente, o líder supremo endossou cobrança de Rowhani para que a Guarda Revolucionária, elite militar onipresente na economia e na política, pare de interferir na gestão do país.

"[O apoio de Khamenei] dá a Rowhani a chance de trilhar um caminho diferente", diz Reza Marashi, diretor de pesquisa no Conselho Nacional Iraniano Americano, baseado em Washington.

Como parte das mudanças, o presidente transferiu a tutela do programa nuclear da Agência de Segurança Nacional, dominada pelo aparato securitário, para o Ministério das Relações Exteriores.

Na prática, o negociador nuclear será o chanceler, Mohamad Javad Zarif, exímio conhecedor dos EUA por ter morado no país como estudante e embaixador na ONU.

"É um diplomata brilhante, e sua equipe é séria. Agora teremos negociações de verdade", diz um diplomata ocidental. Há relatos de que o Irã busca aproveitar a Assembleia-Geral para relançar negociações nucleares.

Rowhani terá reuniões com vários líderes, como o francês François Hollande.

"Rowhani deixa claro que quer usar a ida aos EUA como base de lançamento de sua política externa", diz Marashi.

APERTO DE MÃO

Os acenos ecoam em Washington. O presidente Barack Obama revelou ter trocado cartas com Rowhani e se disse disposto a "testá-lo".

A Casa Branca inicialmente negou planos de aperto de mão entre os dois, que discursam amanhã. Um porta-voz americano depois disse que isso era "possível".

"Um encontro em si não é tão importante. Contato em nível mais baixo para discutir substância é o que interessa", diz Rouzbeh Parsi, da Universidade Lund, na Suécia. Ele afirma que a questão nuclear é uma entre várias desavenças entre Irã e EUA, rompidos há três décadas.

Na guerra síria, especula-se que Obama poderia faturar ao se aproximar de Rowhani e convencer o Irã a pressionar o aliado Bashar al-Assad a aceitar negociação.

"Há gente nos EUA que acredita na tese dos dominós invertidos: resolver o tema iraniano ajudaria a estabilizar Síria e Iraque", diz um diplomata ocidental.

Os contornos de um eventual acordo nuclear continuam vagos, contudo.

Obama insiste que ainda está disposto a atacar caso Teerã não prove que não quer a bomba.

Mesmo que decida aliviar sanções, o presidente americano é refém de um Congresso hostil à reaproximação.

Rowhani deixou claro que atividade nuclear para fins pretensamente civis continuará, mas cobra uma suspensão rápida das sanções.

Porém seus adversários conservadores esperam provar a tese de que concessões são inúteis, já que o Ocidente é incapaz de reciprocá-las.


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