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Análise Irã

Na ONU, Irã tentou acenar ao Ocidente e também falar grosso

Hasan Rowhani fez exercício de equilibrista para que viagem a Nova York não parecesse uma capitulação

Rowhani não cumprimentou Obama por causa da colossal pressão de alguns setores em Teerã

SAMY ADGHIRNI DE TEERÃ

O discurso do presidente do Irã, Hasan Rowhani, foi um exercício de equilibrista.

Personagem mais esperado da Assembleia-Geral da ONU, ele precisava cumprir a promessa, martelada ao longo das últimas semanas, de representar um novo Irã, mais conciliador.

Mas Rowhani também estava compelido a falar grosso para dar garantias aos setores mais conservadores da teocracia iraniana de que a viagem a Nova York não era uma capitulação.

Eleito com a promessa de acabar com as sanções, repetiu o compromisso de jamais buscar a bomba atômica.

Em reconhecimento implícito de erros cometidos por Teerã, afirmou que a transparência nuclear será "total" e se disse disposto a adotar "imediatamente" medidas rumo à "confiança mútua" com o Ocidente --leia-se EUA.

O Irã, segundo Rowhani, "não ameaça ninguém", rejeita o "extremismo" e quer "cooperar [com o mundo]". Ele afirmou ter ouvido Barack Obama "com atenção" e disse que "é possível administrar diferenças". "O Irã busca diminuir, não aumentar a tensão com os EUA", insistiu.

Mas Washington fez questão de divulgar que o aperto de mão entre os dois presidentes só não aconteceu porque Rowhani não quis.

A recusa se deve à colossal pressão de alguns setores em Teerã. Parte da cúpula militar, clérigos e influentes deputados conservadores consideram o Ocidente, EUA especialmente, traiçoeiro e mal intencionado. A ala linha-dura prefere a confrontação por razões ideológicas ou interesse econômico --vários grupos lucram com as sanções-- e torce pelo prolongamento do impasse nuclear, certa de que o Irã não será atacado.

Adversários internos de Rowhani só silenciaram por ordem do líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, chefe absoluto do regime. Embora hostil ao Ocidente, Khamenei abençoou acenos do novo governo. Por enquanto.

Para contemplar a plateia doméstica, Rowhani disse que é uma "ilusão" achar que o Irã abrirá mão de seu "direito inalienável" de enriquecer urânio e afirmou que sanções ocidentais são uma "violência" contra a população.

Israel foi acusado, mas não citado, de ser "estruturalmente" violento e de impor apartheid aos palestinos. O presidente afirmou ainda que continuará apoiando o regime sírio contra os rebeldes e insinuou que ocidentais são cúmplices do caos sangrento que assola o Oriente Médio.

O apoio interno é o que tem permitido a Rowhani, até agora, ensaiar um diálogo com o Ocidente.


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