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Clone da Rede, de Marina, estreia na política argentina

Partido de la Red já obteve registro, ao contrário da sua xará brasileira

Sigla, defensora da democracia direta pela web, disputará vagas na Câmara Municipal da capital, Buenos Aires

LÍGIA MESQUITA DE BUENOS AIRES

A internet transformou o mundo, mas não a maneira de se fazer política. Foi pensando em promover essa mudança que alguns cidadãos de Buenos Aires fundaram um partido com um pé no mundo virtual.

Surgia assim o PdR (Partido de la Red, ou Partido da Rede, em espanhol) --que não apenas no nome lembra o partido que Marina Silva está tentando criar no Brasil, a Rede Sustentabilidade.

A plataforma da legenda estabelece que, diante de um projeto de lei em debate, seus legisladores votarão de acordo com o que a população decidir via um software livre.

Com essa proposta definida, o PdR, criado em 2012, saiu às ruas de Buenos Aires, em maio, para conseguir as 4.000 assinaturas necessárias para se legitimar como partido na capital federal. Tarefa bem mais fácil que os 492 mil que Marina tenta reunir.

No final de agosto, a PdR alcançou o número de apoio exigido e estreará na eleição Legislativa do dia 27 de outubro. Pela legislação portenha, o prazo para um partido se constituir e concorrer ao pleito é a data limite do início do cronograma eleitoral "" neste caso, 6 de setembro.

"Vimos que na política só utilizavam a internet como ferramenta de marketing. E queremos mudar isso", diz um dos cofundadores do PdR, Esteban Brenman, 39.

No pleito de outubro, o PdR apresentará uma lista com 30 candidatos à Câmara de Vereadores portenha. O sociólogo Agustín Frizzera, 34, é o postulante número um. Para se eleger, precisará conseguir 60 mil votos e divulgar o principal projeto eleitoral da legenda: internet para todos.

"A conectividade em Buenos Aires está em 70%, mas queremos que em um ou dois anos alcance os 100%.Temos um projeto de lei para assegurar o acesso à rede a quem não pode pagar", diz à Folha.

Para Frizzera, o método do PdR é original. "Seremos o primeiro partido que prega essa participação da população a disputar uma eleição na América Latina. Somos uma mistura de democracia direta e indireta, já que jogamos com as regras desse sistema político que está estancado."

No Brasil, a Rede de Marina Silva, que não tem nenhuma relação institucional com a sigla argentina, tem uma proposta parecida.

TUITEIROS

A forma de atuação do PdR não demorou a ser criticada. Os candidatos foram rotulados de "tuiteiros". "Quando você quer mudar a lógica de um sistema sempre haverá conservadorismo. Não queremos destruir a democracia, mas abrir novos caminhos com a tecnologia", diz a cientista política Pia Mancini, 30, cofundadora da legenda.

Nem só de tuiteiros vive o PdR. O advogado Horácio Costa, 76, não tem conta no Twitter nem no Facebook. Mesmo assim é integrante da sigla e candidato em outubro. "Entrei no partido por causa do entusiasmo desses jovens que querem aumentar a participação política das pessoas", diz.

Para o analista político Julio Burdman, a iniciativa do PdR de pleitear internet para todos é ótima, mas o método é "um pouco utópico". "Quanto um partido realmente pode mudar com essa participação popular? E como fazer com que as pessoas se engajem?".


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