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Brasileira ficará detida na Rússia ao menos até domingo
Depoimento de Ana Paula Maciel foi adiado devido a falta de tradutor; ela participava de protesto do Greenpeace
Tribunal ordena prisão preventiva de 6 dos 30 ativistas detidos; para entidade, suspeita é absurda e medida, ilegal
Um problema envolvendo o intérprete russo fará com que a bióloga brasileira Ana Paula Alminhana Maciel, 31, fique pelo menos até domingo detida em Murmansk, onde ela e outros ativistas do Greenpeace estão sob custódia das autoridades locais.
Segundo o embaixador do Brasil na Rússia, Fernando Mello Barreto, o depoimento da bióloga foi adiado por causa da falta de um tradutor perante a Justiça russa, algo garantido pela lei local.
"Seu advogado impugnou o tradutor por falta de conhecimento adequado da língua portuguesa, e o juiz acatou. Deverá o governo russo providenciar outro intérprete", disse o embaixador brasileiro à Folha.
Trinta ativistas do Greenpeace, entre eles Ana Paula, foram detidos na quinta-feira da semana passada dentro do barco Arctic Sunrise enquanto faziam um protesto contra a estatal russa de gás e petróleo Gazprom.
Na véspera, a guarda costeira russa já detivera dois ativistas em protesto similar.
As autoridades russas afirmam que a ação dos manifestantes foi um "ataque" à soberania do país e ameaçam processá-los por pirataria, crime cuja pena chega a 15 anos de prisão na Rússia.
Ontem, um tribunal de Murmansk decretou dois meses de prisão preventiva para seis dos detidos, sendo dois cidadãos russos, Denis Siniakov e Roman Dolgov, e outros quatro estrangeiros: um polonês, um britânico, um neozelandês e um canadense.
'MEDIDA ILEGAL'
"A medida de prisão preventiva é ilegal e a suspeita é absurda", declarou, por meio de comunicado, o Greenpeace da Rússia.
Segundo a agência Interfax, o porta-voz do Comitê de Instrução russo que investiga o caso, Vladimir Markin, anunciou que a prisão preventiva decretada pode ser substituída por uma pena mais leve.
Os demais ativistas detidos, entre eles a bióloga brasileira, foram transferidos para centros de detenção preventiva de Murmansk e seguem esperando para saber se serão soltos ou levados para a prisão.
Ana Paula teria declarado que estava apenas tirando fotos da ação.
O Greenpeace alega que o protesto foi feito de maneira pacífica, sem se apropriar de bens alheios.
Argumenta ainda que não houve tentativa de tomar posse de nenhum navio, o que, se tivesse ocorrido, poderia viabilizar a acusação de pirataria levantada pelas autoridades russas.