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Rowhani enfrenta protesto no retorno ao Irã

Manifestantes chegam a jogar sapato na direção do presidente, que falou com Obama antes de deixar Nova York

A maioria das pessoas que foi ao aeroporto, porém, comemorava a reaproximação do país com os Estados Unidos

SAMY ADGHIRNI DE TEERÃ

Militantes iranianos furiosos com o ensaio de reaproximação entre Irã e EUA jogaram ontem sapatos e ovos contra o presidente Hasan Rowhani, que acabava de voltar de Nova York, onde conversara, por telefone, com o americano Barack Obama.

O incidente expõe a feroz oposição dos setores mais radicais aos acenos diplomáticos de Rowhani, apesar de boa parte dos iranianos apoiar os esforços do presidente, conforme levantamento informal da Folha.

Centenas de pessoas saudaram Rowhani quando ele apareceu a bordo do carro oficial, na saída do aeroporto Mehrabad, a oeste de Teerã.

Mas um grupo de dezenas de pessoas, aparentando integrar a milícia radical basij, atirou objetos contra o presidente, sem atingi-lo. Jogar sapatos é um gesto muito ofensivo na cultura islâmica.

O comboio partiu em disparada, deixando para trás tenso bate-boca entre militantes pró, que diziam "obrigado", e anti-Rowhani, que gritavam "morte à América" e o acusavam de levar o Irã à capitulação diante dos inimigos.

Na véspera, Rowhani recebeu um telefonema de Obama quando se dirigia ao aeroporto para embarcar de volta a Teerã, após ter participado da Assembleia-Geral da ONU.

A conversa foi a primeira entre presidentes dos dois países desde 1979 (quando uma revolução levou ao poder uma teocracia xiita no Irã) e, segundo eles, serviu para pavimentar a retomada das negociações nucleares num tom mais ameno e construtivo.

Sinais apaziguadores surgiram com a chegada ao poder de Rowhani, que venceu a eleição de junho prometendo melhorar laços com o Ocidente para obter alívio às sanções que assolam a economia.

"Obama é um cara muito legal. Mesmo que não tenha saído o aperto de mão, ele não deixou Rowhani ir embora sem falar com ele", disse a estudante Mahsa E., 23. Ela afirma que o Irã precisa negociar. "Se não, o regime cai."

Também está entusiasmado o padeiro Ibrahim, 26. "Rowhani é um homem de paz, ao contrário do [antecessor Mahmoud] Ahmadinejad, que era arrogante e irracional."

Ibrahim diz acreditar que, apesar do orgulho e da intransigência predominantes dos dois lados, um acordo será alcançado nos próximos meses.

O aposentado Aziz J., 78, também apoia as conversas como esforço para amenizar a inflação e demais problemas causados pelas sanções.

"Nunca seremos amigos destes americanos arrogantes, mas nosso líder supremo [aiatolá Ali Khamenei] quer que a população tenha uma vida melhor, por isso deixou Rowhani falar com eles."

Mas há vozes destoantes, como a da professora de inglês Sharzad T., 23, que rejeita a diplomacia, embora use maquiagem e roupas justas, em estilo ocidentalizado.

"Onde está a nossa tão falada independência? Parabéns ao Irã por se tornar subserviente dos EUA", ironizou.


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