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Análise EUA

Crise de 1996 levou a acordo sobre Orçamento

Fechamento do governo no mandato de Bill Clinton gerou 'modus operandi' dele com a oposição republicana

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA ESPECIAL PARA A FOLHA

No final de 1995 e início de 1996, os serviços não essenciais do governo federal dos EUA ficaram sem funcionar por um total de 28 dias, e centenas milhares de funcionários públicos trabalharam semanas sem receber salário.

A razão foi um conflito entre o Congresso, controlado pela oposição republicana, e o Executivo, liderado pelo democrata Bill Clinton, sobre o Orçamento de 1996.

Clinton se recusava a fazer os cortes de despesas socais que o principal líder da oposição, Newt Gingrich, exigia; este não permitia o aumento do limite da dívida do governo, com o qual o presidente manteria os gastos sociais.

Gingrich havia conquistado para o Partido Republicano a maioria legislativa nas eleições de 1994, em que lançou o "Contrato com a América", um documento que todos os candidatos de seu partido assinaram, no qual se comprometiam em votar em medidas de caráter conservador se fossem eleitos.

Após o pleito, os republicanos eram 230 na Câmara, os democratas eram 204, e havia um independente; no Senado, a oposição tinha 54 cadeiras, e o governo 48.

O líder da oposição no Senado, Bob Dole, que seria o candidato do partido contra Clinton no pleito presidencial de 1996, se dissociou de Gingrich a partir de um momento na crise, e esta foi uma das razões para o impasse acabar.

Outra causa que levou a um acordo foi o apoio da opinião pública ao presidente: as pesquisas mostravam que apenas um quarto dos americanos o responsabilizava pelo problema; os demais culpavam os republicanos.

Além disso, Clinton e Gingrich acabaram por obter um "modus operandi", que resultou, em 1997, num Orçamento equilibrado, mantido por quatro anos, e considerado uma das maiores vitórias do segundo mandato do presidente.

Durante o período de funcionamento parcial do governo, diversos gestos expressivos foram realizados para tentar manter a "normalidade" das coisas.

O presidente Clinton, por exemplo, pagou de seu próprio bolso a conta de energia para a árvore de Natal em frente à Casa Branca permanecer acesa.

Um grupo de empresários fez uma "vaquinha" para reabrir a maior retrospectiva do pintor holandês Johannes Vermeer (1632-75) jamais realizada, que foi aberta na National Gallery em 9 de dezembro por só três meses e ficara fechada durante 20 dias.

Para maior azar do governo e dos habitantes de Washington, em 8 de janeiro de 1996, a capital dos EUA sofreu com a maior tempestade de neve em 74 anos, o que aumentou ainda mais os enormes prejuízos à economia local provocada pela diminuição do fluxo de dinheiro na cidade, que depende vitalmente dos gastos de funcionários públicos.

Estima-se que o prejuízo econômico tenha sido de US$ 2,1 bilhões na crise.


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