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Autor alemão é barrado ao viajar aos EUA

Crítico da espionagem americana, Ilija Trojanow foi impedido de embarcar em Salvador sem receber justificativa

Escritor compara falta de transparência do ato ao caso Snowden; companhia aérea diz que faltou autorização

FABIO VICTOR EDITOR-ADJUNTO DA "ILUSTRADA"

O escritor alemão nascido na Bulgária Ilija Trojanow, 48, crítico do sistema de espionagem da NSA, a Agência de Segurança Nacional dos EUA, afirma ter sido impedido de viajar para o país a partir de Salvador anteontem sem motivo aparente.

Em entrevista por telefone à Folha, Trojanow contou que embarcaria da capital baiana, onde fez um intercâmbio depois de participar da Bienal do Livro do Rio, rumo a Denver --onde participaria de debate--, via Miami.

Cerca de 45 minutos após entregar o passaporte à American Airlines, foi avisado de que não poderia viajar. Ele diz que recebeu justificativa --a funcionária só informou-lhe que seu caso era "especial". Ontem à noite, ele viajaria do Rio à Europa.

Trojanow diz que sua documentação estava regular, inclusive o documento "Esta", autorização a passageiros de países que não precisam de visto para os EUA.

Autor dos romances "Degelo" (sobre aquecimento global) e "O Colecionador de Mundos" (biografia ficcional de sir Richard Burton), publicados pela Companhia das Letras, Trojanow escreve para jornais da Alemanha, da Áustria e da Suíça.

Encabeçou recentemente, ao lado da escritora Juli Zeh, um manifesto de intelectuais alemães, publicado no jornal "Frankfurter Allgemeiner", cobrando da chanceler Angela Merkel atitude contra a espionagem dos americanos.

"Pela Constituição alemã, ela tem a obrigação de defender os direitos dos cidadãos", disse ontem à reportagem.

Trojanow e Zeh escreveram há três anos o livro "Angriff auf die Freiheit" (ataque à liberdade), crítica a sistemas de monitoramento atuais.

Questionado se suas críticas à espionagem dos EUA motivaram o episódio de segunda-feira, disse: "Não tenho certeza de nada, pois vivemos num tempo sem transparência. Não há como protestar, não há como buscar Justiça. É uma caixa-preta."

Mas faz relação direta entre seu episódio e o caso Snowden. "Essa é uma história exemplar de como se opera um Estado dentro do Estado, e é exatamente da ausência de transparência que trata o escândalo Snowden."

Em depoimento sobre o caso ao "Frankfurter Allgemeiner", Trojanow observou: "É mais que irônico que a um autor que levanta a voz contra os perigos da espionagem (...) seja negada a entrada na terra dos bravos e livres'".

Procurada, a Embaixada dos EUA recomendou que a reportagem contatasse a American Airlines.

A empresa informou que o "Esta" não foi autorizado pelas autoridades dos EUA, que "cumpre rigorosamente as determinações governamentais" e que não sabe por que a autorização foi negada.


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