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Cúpula da igreja é a lepra do papado, afirma Francisco

Pontífice critica Cúria por ser introspectiva e negligente com 1,2 bi de fiéis

Declaração foi dada em entrevista publicada no dia em que começou a reunião de cardeais que vão sugerir reformas

LIZZY DAVIES DO "GUARDIAN", EM ROMA

No dia em que teve início a reunião de oito cardeais que vão propor reformas para o funcionamento da igreja, o papa Francisco declarou em entrevista que fará todo o possível para mudar a natureza "introspectiva e Vaticanocêntrica" da Santa Sé.

Em uma entrevista ao jornal italiano "La Reppublica", ele atacou a Cúria romana por negligenciar o mundo mais amplo e o 1,2 bilhão de católicos que vivem nele.

Francisco criticou a pompa histórica de alguns de seus predecessores "narcisistas", descrevendo a corte papal como "a lepra do papado".

Ele também declarou que, em um momento de grande ansiedade, depois de ser eleito para comandar a Igreja Católica, em março, ocorreu a ele não aceitar o posto.

Mas o momento não demorou a passar, disse o papa, e depois ele não sentiu mais ansiedade ou qualquer entrave emocional.

Falando a Eugenio Scalfari, cofundador do diário italiano e ateu, com quem trocou cartas nas últimas semanas, o papa argentino disse concordar em que será difícil reformar o Vaticano.

Sobre o grupo dos cardeais, apelidado de G-8, ele disse que "não são cortesãos, mas pessoas sábias que compartilham de meus sentimentos. Esse é o começo de uma igreja com organização não só vertical mas horizontal".

O grupo se reúne nesta semana em Roma para sugerir mudanças na estrutura da igreja e propor medidas de transparência. Ontem, não foi anunciada nenhuma conclusão do conselho.

Francisco sugeriu que o principal problema da Cúria é sua natureza egoísta.

"Ela observa e cuida dos interesses do Vaticano, que continuam a ser, em larga medida, interesses temporais. Essa visão Vaticanocêntrica negligencia o mundo que nos cerca", disse.

"Não compartilho dela e farei o que puder para mudá-la". A Santa Sé deveria lembrar, ele disse, que está a serviço da igreja.

Falando ao jornal jesuíta "La Civiltà Cattolica", no mês passado, o papa declarou que queria tirar o foco da igreja de questões como aborto e casamento gay, sem mudar sua posição fundamental quanto a elas.

A Scalfari ele reiterou seu desejo de ver a igreja se abrir aos jovens, velhos e marginalizados, que se sentem descartados pela sociedade.

Ele criticou o "liberalismo irrestrito" que, segundo ele, só serve para tornar os fortes mais fortes, os fracos mais fracos e os excluídos mais excluídos.

Intervenção estatal direta, ele disse, às vezes é necessária para corrigir as mais intoleráveis desigualdades.

Em detalhes sem precedentes, o papa, que está no comando da Igreja Católica há pouco mais de seis meses, descreveu os pensamentos que lhe ocorreram quando foi escolhido para o posto pelos cardeais, na Capela Sistina.

Ele disse que "antes de aceitar eu perguntei se podia passar alguns minutos na sala ao lado daquela que tem a sacada, diante da praça", ele contou.


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