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O discreto charme da dama de ferro

Carta divulgada ontem revela declaração de amor do ministro da Defesa a Margaret Thatcher; a então premiê britânica não respondeu

LEANDRO COLON DE LONDRES

Uma carta divulgada ontem no Reino Unido revela uma declaração de amor de um ministro à então primeira-ministra britânica, Margaret Thatcher.

Ao deixar o cargo de ministro da Defesa em 23 de janeiro de 1983, John Nott --que hoje tem 81 anos-- abriu o coração e confessou na própria carta de renúncia seus sentimentos pela "dama de ferro", apelido de Thatcher.

"É imperdoável dizer isso agora, mas na verdade a admiro como mulher --sua aparência, seu charme e seu porte sempre me atraíram como homem", disse Nott, ministro durante a Guerra das Malvinas, contra a Argentina.

O manuscrito de seis páginas foi liberado pela fundação que cuida da memória da ex-premiê conservadora. Uma lei britânica prevê acesso a documentos de um governo depois de 30 anos.

Thatcher morreu em abril deste ano, aos 87 anos, vítima de um derrame cerebral.

"Me desculpe, mas o que há de errado com isso? Acho que sua abordagem emotiva, instintiva e não pragmática em muitos temas, tão pouco masculina, é o segredo do seu sucesso em um mundo político dominado por homens", escreveu o ex-ministro da Defesa à premiê.

Ele termina a carta com um singelo "Amor --John". O documento leva o timbre do Parlamento britânico.

"Cartas públicas não podem dizer o que realmente sinto sobre nossa amizade de 15 anos no governo e na oposição", continuou Nott, que foi uma das principais figuras do Partido Conservador nos anos 70 e 80.

E ele não parou por aí. Disse mais: "Seu grande triunfo como primeira-ministra, se me permite dizer, é que seus colegas, com poucas exceções, na verdade gostam de você como pessoa. Alguns até a amam, só um pouco!".

SEM RESPOSTA

A declaração de amor ganhou destaque na imprensa local, que lembrou o famoso estilo impessoal e duro de Thatcher com sua equipe de trabalho e, principalmente, na política interna e externa na condução do governo, entre 1979 e 1990.

A carta nunca recebeu uma resposta da ex-primeira-ministra, segundo o missivista.

Talvez o flerte não correspondido tenha até uma explicação. Um dos assessores mais próximos de Thatcher, Ian Gow (1937-1990), afirmava que John Nott não era considerado um aliado pela então premiê.

Segundo Gow, certa vez em 1982, numa lista que relacionava amigos e inimigos de Thatcher, o ex-ministro da Defesa recebeu um risco que o indicava no segundo grupo.

Ao exaltar a figura de Thatcher, Nott escreveu que ela continuaria por mais vários anos no poder do Reino Unido, o que acabou ocorrendo.


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