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Turquia permite uso de véu islâmico em prédio público

Fim da proibição atingirá mulheres que trabalham em órgãos do governo

Críticos acusam o governo do premiê Tayyip Erdogan de tentar impor agenda muçulmana no país

DA REUTERS

A Turquia anulou ontem uma norma que proibia o uso do véu islâmico em instituições públicas. A decisão, que não vale para o Poder Judiciário nem para as Forças Armadas, foi publicada no "Diário Oficial" do país.

A Turquia tem maioria muçulmana, mas é constitucionalmente uma nação secular. O veto ao uso do véu por servidoras remonta aos primeiros anos da República Turca, criada em 1923.

Acredita-se que a proibição tenha impedido que muitas mulheres trabalhassem no setor público ao longo dos anos. No entanto, a revogação da norma foi criticada por secularistas, que acusam o governo de tentar implantar uma agenda islâmica no país.

O debate em torno do véu está no centro das tensões entre as elites religiosas e seculares do país.

Críticos do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan dizem que seu partido, o AK, está corroendo as bases seculares da república turca.

Já os partidários do premiê, concentrados principalmente em redutos conservadores do país, dizem que ele está apenas restaurando a liberdade de expressão religiosa da maioria muçulmana.

"Um período obscuro está chegando ao fim", disse Erdogan, destacando que a regulação "prejudicou muitas jovens e causou grande sofrimentos para seus pais".

O veto ao véu tinha como base um decreto de 1925, quando o fundador da república, Mustafa Kemal Ataturk, introduziu no país uma série de reformas destinadas a banir símbolos religiosos entre funcionários públicos.

PACOTE

Já a suspensão da proibição faz parte de um "pacote de democratização" revelado por Erdogan na semana passada.

O pacote, que em grande parte se destina a reforçar os direitos da minoria curda na Turquia, inclui mudanças no sistema eleitoral, a ampliação dos direitos linguísticos do grupo e a permissão para que aldeias usem seus nomes curdos originais.

Outra norma suspensa ontem foi a que obrigava crianças das escolas primárias do país a recitar, no início de cada semana, um juramento de lealdade nacional.

Apesar disso, críticos do governo acusam Erdogan de uma intromissão crescente na vida dos cidadãos, que vai desde restrições ao consumo de álcool até declarações sobre o número de filhos que as mulheres deveriam ter.

Ontem, a demissão de uma apresentadora de TV alimentou essas críticas. A mulher perdeu o emprego após um integrante do partido de Erdogan ter reclamado de um vestido que ela usou, considerado muito provocante.

"Essas políticas mostram não apenas a atitude do governo em relação às mulheres, mas também seu entendimento das liberdades individuais", disse Sezgin Tanrikulu, do partido de oposição CHP.


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