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NY deverá eleger democrata após 20 anos

Favorito nas pesquisas, Bill de Blasio tem perfil e discurso opostos aos do atual prefeito, Michael Bloomberg

De origem italiana e com uma mulher negra, ele tem forte apoio entre as minorias e quer elevar taxação sobre os ricos

JOANA CUNHA DE NOVA YORK

Cinquenta pontos percentuais nas pesquisas de intenção de voto. Essa é a distância que separa o democrata Bill de Blasio de seu concorrente, o republicano Joseph Lhota, na corrida para a Prefeitura de Nova York que elegerá, em 5 de novembro, o sucessor de Michael Bloomberg.

Blasio tem 71%, e Lhota 21%, segundo levantamento da Quinnipiac University divulgado na semana passada.

Após 12 anos no City Hall, sede do governo municipal, o baixinho e divorciado Bloomberg, bilionário do mercado financeiro, pode deixar a vaga para o pretendente mais anti-Bloomberg, no discurso e no perfil.

Defensor público cujos avós vieram da Itália, Blasio é um homem de quase 2 m de altura e deve boa parte da vantagem na disputa ao carisma de sua família birracial (sua mulher é negra).

Ele tem sido acusado pelo rival Lhota de ser marxista, por ter admirado a Nicarágua sandinista nos anos 1980.

Com pouco mais de 20 anos na época, Blasio foi à Nicarágua para ajudar a distribuir comida durante a guerra. Aos 52, pouco fala dos tempos em que ele refletia sobre Bob Marley e se reunia com revolucionários.

O texto de apresentação no site do candidato não dedica uma só palavra aos anos de ativismo, mas os resíduos dessa influência estão na ideologia da campanha.

Hoje, ele se define como um progressista que quer combater a desigualdade social, elevando os impostos sobre os mais ricos para investir na educação. Em entrevista recente, contou que a experiência da juventude reforçou sua percepção de que é obrigação do governo proteger os pobres.

BANDEIRAS

Os vetores de sua candidatura são fortes apostas, como o ataque à política da polícia nova-iorquina "stop and frisk" (pare e reviste), prática que já foi considerada discriminatória pela Justiça por ter como principais alvos os negros e latinos.

As críticas ao Departamento de Polícia tiveram apelo entre as minorias.

Suas bandeiras acenam para uma gestão descolada da tradição que governa a cidade há décadas. Apesar de o eleitorado que se identifica como democrata superar o republicano na razão de 6 para 1, Nova York não elege um prefeito democrata há mais de 20 anos.

A última administração do partido, de David Dinkins (1990-1993), ficou marcada pela falência econômica e pelo avanço da criminalidade.

Blasio terá de lutar contra o fantasma de Dinkins. Para seus opositores, ele representa um idealista ingênuo que reconduziria Nova York ao caos dos anos democratas.

Depois de Dinkins, o republicano Rudolph Giuliani (1994-2001) ocupou o vazio da prefeitura com sua política de tolerância zero para reduzir a violência.

Em 2001, o cenário da primeira vitória das milionárias campanhas de Bloomberg era uma Nova York em choque pelos ataques terroristas de 11 de Setembro.

Neste ano, a ausência de uma crise aparente pode pavimentar o caminho do democrata, que baseou seu discurso no desconforto econômico de uma cidade em que a elevação do custo de vida consome o bem-estar da classe média.

E a população se cansou dos anos Bloomberg --o prefeito ficou desgastado pela manobra polêmica que o fez obter um terceiro mandato.

DEMOGRAFIA

A atual demografia nova-iorquina, em que a fatia de negros e latinos liberais na população subiu enquanto a parcela de brancos encolheu, também favorece Blasio.

"Demograficamente, trata-se de uma nova cidade, e Blasio captou isso", afirmou Maurice Carroll, diretor do instituto de pesquisa da Quinnipiac University.

Blasio tem forte apoio entre negros (90%) e hispânicos (79%), além de contar com apoio declarado do presidente Barack Obama, que se identificou com o cabelo afro de Dante de Blasio, 16, filho de Bill.

"Dante tem o mesmo penteado que eu usava em 1978", afirmou Obama. O garoto conquistou os nova-iorquinos após protagonizar uma propaganda para a campanha do pai.


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