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Premiê líbio é sequestrado por milícia e depois solto

Ali Zeidan passou algumas horas como refém antes de ser libertado

Acredita-se que ação tenha sido represália ao suposto aval do governo à ação americana que resultou na captura de terrorista em Trípoli

DIOGO BERCITO DE JERUSALÉM

O primeiro-ministro da Líbia, Ali Zeidan, foi sequestrado ontem e passou algumas horas como refém antes de ser libertado.

Acredita-se que o premiê tenha sido raptado por milícias ligadas ao governo após John Kerry, secretário de Estado dos EUA, ter afirmado que o governo líbio tinha conhecimento da ação americana que capturou Abu Anas al-Libi na capital do país no sábado.

A detenção de Libi, apontado como um dos principais líderes da Al Qaeda, irritou algumas facções na Líbia, onde o governo conta com milícias fragmentadas para compor seu aparato de segurança.

Essas milícias formaram-se durante os protestos em massa contra o governo do ditador Muammar al-Gaddafi, morto em 2011, e ganharam força nos últimos anos.

O premiê líbio, porém, nega ter sido informado com antecedência da captura de Libi e chegou a condenar a ação americana. Segundo fontes dos EUA, o suposto terrorista está sendo interrogado em um navio no Mediterrâneo.

Zeidan foi sequestrado no hotel de luxo em que vive, considerado um dos pontos mais seguros da capital.

Segundo testemunhas, um grupo de homens armados entrou no local pouco depois das cinco da manhã. Há relatos de que eles conseguiram chegar aos aposentos do premiê sem disparar nenhum tiro, exibindo um papel que diziam ser uma ordem de prisão de Zeidan.

Um dos grupos apontados como responsáveis pela captura do premiê, a Câmara Líbia de Operações Revolucionárias, afirmou ter agido com aval da Promotoria do país. O governo nega.

A agência de notícias oficial também apontou a participação de rebeldes da Brigada na Luta contra o Crime.

No início da tarde, o governo anunciou que o premiê havia sido solto, mas não deu detalhes da operação.

Outras milícias ligadas ao Ministério do Interior disseram ter conseguido libertar o político após troca de tiros com os sequestradores.

Depois de sua soltura, Zeidan falou para o gabinete, em transmissão televisionada, que "esse assunto tem de ser tratado com sabedoria e racionalidade".

O premiê aparentava estar em boas condições de saúde e fez um apelo para que os milicianos que auxiliaram no seu resgate entrem para as forças de segurança da Líbia --diversos grupos recusam o desarmamento ou a entrada nas forças nacionais.

O sequestro do primeiro-ministro serviu como um golpe contra a credibilidade do governo de transição da Líbia, segundo o jornal norte-americano "New York Times".

A publicação também avalia que isso possa representar um revés para os esforços americanos para capturar outros terroristas no país.

No ano passado, um ataque à missão diplomática dos EUA em Benghazi levou à morte do então embaixador Christopher Stevens.

Há também sinais de que o país rume a um período de anarquia, conforme milícias mostram ter poder para, por exemplo, capturar o premiê.

Sem uma Constituição e com o Parlamento paralisado pelas disputas entre seculares e islamitas, a Líbia enfrenta desafios à continuidade do governo de transição.


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