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Irã admite ampla vistoria de instalações
Teerã se dispõe a autorizar inspeções atômicas mais intrusivas caso Ocidente suspenda punições econômicas
Vice-chanceler do Irã lança proposta durante reunião em Genebra; não está claro se as potências a aceitariam
Nas primeiras negociações nucleares desde a eleição de um presidente moderado no Irã, o governo do país se disse ontem disposto a aceitar inspeções mais intrusivas de suas instalações atômicas em troca do fim das sanções.
A proposta foi aventada pelo vice-chanceler e negociador Abbas Araghchi, no último dos dois dias de conversas em Genebra com representantes das seis potências (EUA, China, Rússia, França, Reino Unido e Alemanha) que negociam com Teerã.
As reuniões terminaram com uma rara declaração conjunta, que chamou o encontro de "positivo", e com planos de novas discussões nos dias 7 e 8 de novembro, também em Genebra.
Indagado sobre a eventual adesão de Teerã ao Protocolo Adicional do Tratado de Não Proliferação (TNP), que prevê monitoramento mais severo e aviso prévio de poucas horas, Araghchi disse que a questão era parte das "etapas finais" da negociação.
O Irã integra o TNP, pelo qual é obrigado a permitir o monitoramento de suas instalações atômicas por inspetores da AIEA, a agência nuclear da ONU. O texto, porém, permite a Teerã manter informações sob sigilo e implica agendamento das inspeções.
A adesão ao Protocolo Adicional é uma das exigências chave do Ocidente para dissipar temores de que o Irã fabrica arsenal atômico.
Especula-se que as inspeções estejam incluídas na proposta do Irã em Genebra como parte dos esforços para o fim das sanções, que empobrecem a população e impedem Teerã de lucrar com a venda de petróleo.
Detalhes não foram divulgados, mas a comitiva iraniana disse que se trata de uma oferta em três etapas, para restaurar a confiança mútua antes de um acordo.
A mídia iraniana disse que Teerã pode fazer outra concessão: suspender o enriquecimento de urânio a 20%, nível de pureza que permite saltar com facilidade para os 90% necessários à bomba.
Há relatos de que Teerã ofereceu fechar parte das centrífugas nucleares. Os iranianos disseram esperar uma solução final em um ano.
Mas o encontro em Genebra não deixou claro se os governos ocidentais estão dispostos a levantar sanções.
Nos EUA, fontes das punições mais severas, Barack Obama enfrenta a resistência do Congresso.
Já o chanceler britânico, William Hague, disse ontem que ainda "não há razão" para tal medida.
Caso não consiga resultados, o presidente iraniano, Hasan Rowhani, corre risco de perder o apoio do líder supremo, aiatolá Ali Khamenei.