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Brasil não devolverá boliviano, diz Garcia

Assessor internacional de Dilma afirma que o senador Roger Pinto poderá ficar no Brasil ou ir para outro país

Em entrevista à Folha e ao UOL, ele disse ainda que espionagem dos EUA joga sombra na relação entre os países

FERNANDO RODRIGUES DE BRASÍLIA

O assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, disse ontem que o governo brasileiro não considera devolver para a Bolívia o senador Roger Pinto Molina, daquele país, que fugiu para o Brasil em agosto.

Em entrevista à Folha e ao UOL, o assessor do Planalto elaborou sobre como pode ser o desfecho desse caso do senador boliviano. "Devolvê-lo para a Bolívia, nós não devolveremos", disse. "Há duas possibilidades: ou ele pode ter asilo aqui ou ele pode ir para outro país. Analisando estritamente as hipóteses".

Garcia avalia que "houve, sem sombra de dúvidas, um problema de comando" no Ministério das Relações Exteriores nesse episódio.

"Tanto é que trocou o ministro", completou, referindo-se à demissão de Antonio Patriota do Itamaraty depois que ficou comprovado que um diplomata brasileiro havia ajudado na fuga.

Na entrevista, o assessor presidencial, que ocupa essa função desde o início do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, disse também que o recente caso de espionagem dos EUA no Brasil serviu de "alerta" para quando for necessário adquirir equipamentos militares.

"Sem dúvida é um pouco um alerta", afirmou. A avaliação foi dada ao comentar a compra de equipamentos de defesa que o Brasil fez da Rússia nesta semana --cerca de R$ 2 bilhões para adquirir baterias antiaéreas.

Para ele, o Brasil deve comprar material de defesa "de grande qualidade" e de países que assegurem "o uso soberano" desses equipamentos. "Nós não podemos ficar dependentes."

O assessor não quis especular se o episódio da espionagem norte-americana no Brasil e a recente compra de equipamentos da Rússia enfraquecem a posição dos EUA no processo de aquisição de novos aviões caça para a Força Aérea Brasileira. Mas o substrato de suas declarações indica que essa é uma possibilidade real.

Apesar de evitar indicar uma fragilização da posição dos EUA nesse processo de compra dos caças, o assessor citou uma frase de Patriota. "O chanceler usou uma expressão que eu acho interessante. Ele disse que isso criava uma sombra nas nossas relações. Como nós somos tropicais e gostamos de sol, eu acho que essa sombra deveria ser eliminada". Mas ainda não foi.

Garcia deu também detalhes da conversa telefônica entre a presidente Dilma Rousseff e o presidente norte-americano, Barack Obama, em 16 de setembro.

"A imprensa disse que foi de 20 minutos, foram 42 minutos", afirmou.

Segundo ele, logo no início já ficou claro que ambos entenderam mutuamente que seria impossível manter a viagem oficial da brasileira a Washington, programada para o dia 23 deste mês.

O assessor explicou que esses telefonemas da presidente com outros chefes de Estado são realizados com um equipamento de viva voz e com tradutores nos dois lados --"praxe diplomática".

As conversas são gravadas? "Não, elas não ficam gravadas. Nós fazemos uma minuta bastante boa". Esses resumos são classificados como secretos e ficam em sigilo por 15 anos.

Assista à entrevista
e leia a transcrição
folha.com/no1358841


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