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Análise

Resultado pouco afeta a tradição do populismo peronista no país

Vista sob a ótica da história do peronismo, a eleição de pouco muda em termos da longevidade dessa forma dinâmica de populismo.

Mas muda muito com relação ao ciclo kirchnerista. A derrota sofrida pelo governo anuncia o aparente final de ciclo de uma forma personalista inovadora, que renovou o populismo peronista.

Se antes, com Carlos Menem, o peronismo foi mão de obra local de uma virada neoliberal que abrangeu grande parte do Cone Sul, o casal Kirchner soube reconverter o legado peronista numa nova forma autoritária de entender a democracia, sintonizada com uma nova onda de populismos latino-americanos.

A Argentina, berço do populismo clássico, parece anunciar a deterioração da eficácia da forma populista de entender a política para interpretar a maioria.

O voto de anteontem constitui sobretudo rejeição do governo. O que chama a atenção é que, além do voto antigoverno, muitas opções escolhidas participam da tradição populista; o que muda parece ser o nome do porta-estandarte peronista.

No continente, os governos populistas vinculam ideias não pluralistas sobre a democracia (ao mesmo tempo em que ignoram as minorias eleitorais) à defesa de um capitalismo de Estado e à promoção de capitalistas amigos.

Vinculam a identificação quase total entre governo e movimento com doses pequenas de redistribuição, muitas vezes apresentadas como resultado das virtudes e bondade do líder, e não necessidade social ou institucional.

A concepção mítica do populismo permite a metamorfose de um número majoritário de votos numa "vontade popular" quase eterna, que só ele ou ela podem decodificar.

Ontem e hoje, essas posições nos ajudam a entender passado e presente do populismo latino-americano. O líder populista é dono dos votos e artífice da vontade do "povo", mas o que ocorre quando o líder que diz sempre saber o que o povo quer deixa de ter o voto da maioria?


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