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Brasil leva à ONU projeto contra espionagem

Redigido com a Alemanha, texto defende direito à privacidade e pede revisão das atuais normas de vigilância

Antes da entrega do documento, Kerry afirmou que política de monitoramento dos EUA foi 'longe demais'

DE NOVA YORK (JOANA CUNHA E RAUL JUSTE LORES) DE WASHINGTON

Dois dos países que tiveram seus líderes grampeados no escândalo da espionagem americana, Brasil e Alemanha foram ontem às Nações Unidas entregar um projeto conjunto de resolução sobre direito à privacidade.

A iniciativa ocorre pouco mais de uma semana após o governo alemão cobrar o presidente americano, Barack Obama, pelos recentes indícios de que o telefone da chanceler Angela Merkel foi monitorado.

Em setembro, a sequência de reportagens baseadas em documentos secretos vazados pelo ex-técnico da CIA Edward Snowden apontou que a presidente Dilma Rousseff também fora alvo das escutas telefônicas.

Sem citar a NSA (Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos), o projeto de resolução manifesta "profunda preocupação com abusos que podem resultar de qualquer vigilância".

O documento afirma também que a interceptação, a coleta de dados pessoais e a vigilância ilegal das comunicações são "atos altamente intrusivos que violam o direito à privacidade e à liberdade de expressão".

O argumento adotado pelo governo americano para justificar suas ações de espionagem --identificar e impedir o planejamento de ataques terroristas-- também foi mencionado no projeto.

"Embora preocupações com a segurança pública possam justificar a coleta e a proteção de certas informações confidenciais, os Estados devem assegurar o pleno cumprimento de suas obrigações no âmbito do direito internacional", diz o texto.

O documento solicita que sejam tomadas atitudes para encerrar a violação da privacidade, "inclusive assegurando que a legislação nacional esteja em conformidade", e pede também que os procedimentos de vigilância das comunicações sejam revistos.

O projeto foi recebido pela Terceira Comissão, instância dentro da ONU que cuida de questões de direitos humanos. Na próxima quinta-feira, o texto será apresentado no plenário da comissão e, após ser debatido, seguirá para votação no dia 27.

Depois disso, o documento será encaminhado ao plenário da Assembleia-Geral em dezembro e, se aprovado, torna-se uma resolução.

'LONGE DEMAIS'

Antes disso, o secretário americano de Estado, John Kerry, reconheceu que os EUA foram "longe demais" em alguns casos de espionagem.

"Em alguns casos, reconheço, tanto como o presidente [Obama], que algumas destas ações foram muito longe e vamos garantir que isto não aconteça no futuro", disse Kerry em videoconferência mostrada em Londres.

Foi o primeiro grande mea culpa de Kerry sobre a espionagem da NSA. Mas o chefe da diplomacia americana justificou as práticas de inteligência e coleta de informações como parte da luta contra o terrorismo e a prevenção de atentados.

"Nosso presidente está decidido a esclarecer o programa para que ninguém se sinta enganado", disse Kerry.

Líderes de pelo menos 35 países teriam sido vigiados pela NSA, inclusive o papa Francisco.

A última queixa veio da China, Indonésia e de outros países asiáticos, após denúncia do jornal australiano "Sydney Morning Herald" de que os EUA usavam suas embaixadas na região como bases de espionagem.


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