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Kerry vai ao Egito e diz que apoio está mantido
Mas secretário dos EUA pediu eleições livres
O secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, esteve ontem no Egito para a primeira visita ao país desde a queda do presidente islamita Mohammed Mursi, destituído por um golpe militar há quatro meses.
O gesto mostra que os EUA ainda consideram o Egito um parceiro vital, apesar da recente crise desencadeada pelo golpe que tirou do poder o primeiro presidente democraticamente eleito do país e perseguiu partidários da Irmandade Muçulmana.
"Nós nos comprometemos a trabalhar em conjunto e continuar nossa cooperação com o governo interino",declarou Kerry, pedindo às autoridades "eleições livres, com a participação de todos".
Os EUA não classificaram a queda de Mursi como "golpe de Estado", o que obrigaria o governo americano a pôr fim à ajuda financeira.
Em outubro, os EUA "recalibraram" a ajuda de US$ 1,5 bilhão --sendo US$ 1,3 bilhão em ajuda militar-- em represália à sangrenta repressão a partidários de Mursi.
JULGAMENTO DE MURSI
A visita de Kerry ocorre em um momento delicado. Mursi e outros 14 líderes da Irmandade Muçulmana começarão a ser julgados hoje por "incitação ao assassinato".
As acusações estão relacionadas à morte de dezenas de pessoas que protestavam na frente do palácio presidencial contra decreto que aumentava os poderes de Mursi, em dezembro, quando ainda era presidente. A Irmandade Muçulmana nega ligações com atividades violentas.
Os acusados podem ser condenados à prisão perpétua ou à pena de morte, o que aumentaria ainda mais o climade tensão no país.
Ontem, centenas de estudantes islamitas entraram em confronto com grupos de oposição à Irmandade na Universidade de Al-Azhar, no Cairo.
De um lado, jovens ligados à Irmandade pediam a restituição de Mursi. Do outro, estudantes protestavam contra atos de sabotagem supostamente causados por islamitas, além de criticar ataques ao reitor e ao patrimônio da Universidade.