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Julgamento de ex-líder egípcio é adiado

Acusado de incitar violência, Mursi se nega a usar roupa de presidiário e rejeita tribunal; nova sessão será em janeiro

Ex-presidente, deposto por militares em julho, ainda se considera chefe do país; Cairo tem atos contra governo interino

DIOGO BERCITO DE JERUSALÉM

O julgamento do ex-presidente egípcio Mohammed Mursi, aguardado durante meses tensos e violentos, foi finalmente iniciado ontem para, em poucas horas, ser adiado para o ano que vem.

O islamita, deposto da Presidência em 3 de julho por um golpe militar, deve voltar à Corte em 8 de janeiro, ao lado de outros 14 dirigentes da Irmandade Muçulmana, sob acusação de incitar a violência contra manifestantes. Todos eles negam.

Mursi, que a princípio se recusou a vestir o uniforme da prisão e surgiu de terno, em sua primeira aparição pública desde o golpe, pode ser condenado à prisão perpétua ou à pena de morte.

O juiz que preside o julgamento justificou o adiamento para permitir que os advogados de defesa examinem documentos relacionados ao caso. Enquanto isso, os acusados permanecerão presos. Mursi ficará em uma prisão em Alexandria, cidade no norte do Egito.

O julgamento da cúpula islamita ocorre pouco mais de um ano depois de a Irmandade Muçulmana ganhar a Presidência do Egito por meio das primeiras eleições democráticas do país.

Mursi havia substituído o ex-ditador Hosni Mubarak, deposto durante as manifestações da Primavera Árabe, em fevereiro de 2011.

Seu governo, baseado em valores islâmicos, e o fracasso na gestão da economia levaram milhões de pessoas às ruas, neste ano, exigindo sua saída. O Exército tomou para si essa tarefa e anunciou sua deposição, com a criação de um governo interino.

AUSÊNCIA

O julgamento de Mursi não foi transmitido pela TV, mas relatos apontam que o islamita afirmou ser "o presidente legítimo" do país e pediu ao Judiciário que não dê cobertura legal para o que ele afirma ser um "golpe de Estado criminoso".

O juiz teve de suspender os procedimentos duas vezes, diante da insistência dos réus de que o julgamento é ilegítimo, de acordo com a televisão estatal egípcia.

Mursi afirmou ter sido levado à Corte "pela força", impossibilitado de exercer seu poder como presidente.

Ele fora transportado por um helicóptero, durante a manhã, enquanto os demais réus viajaram em veículos blindados.

O rol de acusados inclui Essam el-Erian, ex-vice-líder do partido islamita Liberdade e Justiça, o braço político da Irmandade. Sete deles, desaparecidos, serão julgados enquanto ausentes.

Todos devem responder pelos protestos em dezembro de 2012. Após repressão e embates entre simpatizantes e críticos da Irmandade, ao menos dez pessoas morreram e mais de 600 ficaram feridas.

PROTESTOS

Houve também ontem manifestações a favor do ex-presidente. Os atos pediram a deposição do "regime militar" instituído logo depois da queda de Mursi.

Um efetivo de cerca de 20 mil membros das forças de segurança do Egito havia sido deslocado para as imediações do tribunal onde Mursi seria julgado, em meio à tensão anterior ao evento.

O Exército tem reprimido, desde julho, as manifestações de apoio a Mursi. Mais de mil pessoas já morreram.


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