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Papéis revelam elo de Clarín e junta, diz governo argentino

Entre 1.500 documentos encontrados haveria registro de auxílio de militares para comprar empresa de papel-jornal

LÍGIA MESQUITA DE BUENOS AIRES

O governo argentino disse ontem que, em meio a 1.500 documentos da ditadura descobertos na semana passada, há diversos mostrando que a junta militar nos anos 70 ajudou o Clarín a comprar parte da Papel Prensa, maior empresa de papel-jornal do país.

A revelação ocorre no momento em que o governo dá início a um processo para desmembrar o grupo de mídia, seu inimigo. A divisão será possível após decisão da Suprema Corte que validou a nova Lei de Mídia do país.

Os registros foram achados em 31 de outubro, mas a divulgação foi feita anteontem. O governo, porém, diz que só vai disponibilizar os documentos em seis meses.

No anúncio da descoberta, o ministro da Defesa, Agustín Rossi, se ateve principalmente aos registros relacionados à Papel Prensa, que tem como sócio majoritário o Clarín, com 49% das ações --o grupo La Nación, do jornal homônimo, tem 22,5%, e o Estado, 27,5%.

Segundo Rossi, os papéis mostram que há relação entre a venda da Papel Prensa, o "desaparecimento" de seu antigo dono, David Graiver (morto em um acidente aéreo em 1976), e as prisões de seus familiares na sequência.

O ministro disse que foram achados 13 documentos originais que falam sobre a empresa, com datas de 15/9/76 a 1/12/77, "o que demonstra que [o tema] era de discussão permanente na junta".

A venda da Papel Prensa para a Fapel, sociedade que era integrada por Clarín, La Nación e La Razón foi feita em novembro de 1976.

'LESA-HUMANIDADE'

Em 2010, a presidente Cristina Kirchner afirmou que a venda da empresa foi ilegal. Na época, o governo apresentou um documento dizendo que a negociação teria ocorrido em meio a ameaças, torturas e prisões dos membros da família Graiver, e o Estado entrou com ação na Justiça contra Clarín e La Nación por crime "de lesa-humanidade".

Em maio deste ano, a bancada governista na Câmara apresentou um projeto de lei para desapropriar 24% das ações da Papel Prensa.

Caso isso aconteça, o Estado passará a ser o sócio majoritário da empresa.

Os grupos Clarín e La Nación afirmam que a negociação foi feita de forma legal e antes de terem acontecido as prisões e as torturas.

Entre os papéis encontrados no subsolo do Edifício Condor, sede da Força Aérea, estão 280 atas secretas da junta militar, do período de 1976 a 1983, e listas "negras" com nomes de artistas, jornalistas e intelectuais considerados "perigosos", como o escritor Julio Cortázar.


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