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Análise Cuba

Reforma beneficia cubanos de forma desigual

Transição para o trabalho autônomo, por exemplo, é mais fácil para quem tem acesso a dinheiro enviado do exterior

As mudanças e também as vendas são lentas, e vestígios de comunismo convivem com os primeiros passos incertos do capitalismo de mercado

VIRGINIA LOPEZ DO "GUARDIAN", EM HAVANA

Já se passaram três anos desde que Raul Castro, o irmão e sucessor de Fidel, implementou uma série de reformas econômicas cuja finalidade é infundir vida nova à decrépita economia da ilha.

Uma das medidas mais significativas deu aos cubanos o direito de vender carros e casas, os únicos tipos de propriedade privada tolerados após a revolução que depôs o regime de Batista, em 1959. Outra mudança importante permitiu o trabalho autônomo.

Amplamente saudadas após meio século de economia em estilo soviético, as reformas não deixaram de incluir controle forte do Estado.

Imóveis residenciais só podem ser vendidos a outros cubanos ou a estrangeiros que sejam residentes permanentes da ilha, e cada pessoa só pode possuir uma residência.

As mudanças e também as vendas são lentas, e vestígios de comunismo convivem com os primeiros passos incertos do capitalismo de mercado.

No setor imobiliário, as vendas ainda ocorrem lado a lado com as permutas. Não há financiamentos imobiliários, o que dificulta o desenvolvimento do mercado.

Apesar disso, sinais de mudanças são visíveis em todo lugar. Os cubanos estão oferecendo de tudo, desde pizzas até serviços de conserto de relógios ou aulas de direção.

Três anos atrás o governo publicou uma lista de quase 200 oportunidades de trabalho autônomo autorizadas.

As atividades permitidas, entre as quais figuram dono de restaurante, manicure e cartomante, estão possibilitando aos cubanos ganhar a vida fora do olhar atento da "Revolução".

Mas a opção de tornar-se "cuentapropista" (trabalhador por conta própria) não está aberta a todos. Até hoje foram emitidas 420 mil licenças de trabalho autônomo, num país de 11 milhões de habitantes em que a renda média mensal equivale a US$ 20.

A passagem para o trabalho autônomo é mais fácil para quem tem acesso a remessas enviadas por amigos ou familiares que vivem nos EUA.

As barreiras enfrentadas pelo resto da população são reforçadas por problemas complexos e não resolvidos, como questões de raça e status social, anteriores à revolução de Castro.

Independentemente das reformas, muitos acreditam que o destino da ilha será determinado por fatores externos, como o possível fim do embargo americano e a continuação ou não das importações subsidiadas de petróleo venezuelano.


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