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Alexandre Vidal Porto

Empresários e cantoras

Muitas firmas brasileiras encaram os seus planos de internacionalização como uma aventura estética

Tenho um amigo que assessora empresas brasileiras interessadas em operar na China. Ter acesso a um mercado de 1,35 bilhão de pessoas deveria ser o sonho de qualquer empresário.

No entanto, na última vez em que estivemos juntos, ele me falou que, apesar do potencial de ganhos, algumas empresas desistem porque não querem fazer o dever de casa. "Existe um tipo de empresário brasileiro muito preguiçoso para se internacionalizar", observou.

Encontrei com um desses empresários na semana passada. Ele veio a Tóquio em missão comercial. Havia solicitado encontro com empresa local para "apresentar projetos de negócios".

Os japoneses destacaram um funcionário de alto nível e um advogado para recebê-lo e discutir suas propostas.

No Japão, há poucas coisas mais grosseiras que a impontualidade. Ainda assim, nosso compatriota chegou ao encontro 40 minutos atrasado. Não apresentou qualquer proposta de negócios concreta. Só falou generalidades. Parecia querer bater papo e tirar uma foto para colocar no Instagram. Era como se a reunião de trabalho fosse um programa em suas férias.

Ele não se comportou assim por mal. Provavelmente, sequer se deu conta da má impressão que causou. Afinal, em sua cultura de negócios, chegar atrasado a uma reunião ou desperdiçar o tempo alheio estão embutidos nos custos de produção. Faz parte.

Segundo a Oxford Analytica, em três anos, 73% das empresas médias brasileiras pretendem operar no exterior.

Para muitas delas, porém, planos de internacionalização constituem uma aventura mais estética que comercial. Não derivam de necessidade econômica imediata. O mercado doméstico está garantido. Não precisa melhorar a competitividade. Dá muito trabalho.

O que se ganha no Brasil é suficiente para ter Ferrari, beber champanhe e comprar roupas de grife. Muitos ficaram ricos. E rico no Brasil se preocupa mesmo é com a blindagem do carro novo.

Enquanto isso, em Nova York, os brasileiros são os campeões da gastança.

Uma senhora que eu conheço vai celebrar o aniversário por lá para que as convidadas possam usar joias despreocupadamente. "Afinal, São Paulo está muito violenta. Nova York é logo ali."

(Recado para quem vai à festa: não percam o colete antibalas que a Gucci acaba de lançar. Tem na loja da Quinta Avenida. Parece que a Louis Vuitton vai fazer um igual...)

Nem tudo é vergonha: nessa mesma semana, a cantora Verônica Ferriani veio ao Japão fazer sua primeira turnê ("Porque a Boca Fala Aquilo do que o Coração tá Cheio").

Até a primeira apresentação em Tóquio, foram vários e-mails e trâmites com a produção local. A comunicação foi fluida. O que se contratou foi cumprido, dos dois lados.

Durante a turnê, a cantora e os músicos chegaram pontualmente aos compromissos. O público japonês ficou encantado. Os organizadores, também. Profissionalismo total. Orgulho para o Brasil.


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