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Campanha chilena debate reforma educacional
Protestos estudantis de 2011 fizeram do tema um dos principais pontos da eleição de amanhã
Os protestos estudantis que chegaram a levar 200 mil pessoas às ruas de Santiago, em 2011, conseguiram colocar a reforma educacional no centro do debate da eleição presidencial no Chile, que será realizada amanhã.
O movimento estudantil conseguiu fazer tanto barulho no país que, além de ter colocado as suas reivindicações por educação gratuita e de qualidade na pauta da campanha, lançou também cinco líderes como candidatos a deputado no pleito.
"A educação superior gratuita é uma demanda que não estava na agenda política do país. Foi uma imposição das ruas, uma vitória do movimento estudantil", diz à Folha Cristóbal Bellolio, da Escola de Governo da Universidade Adolfo Ibáñez.
No Chile, não há universidade gratuita. O Estado direciona verba para algumas faculdades, que são revertidas em forma de bolsa ou crédito estudantil e auxílio às pesquisas. Mas todo aluno paga mensalidade. De 162 instituições de ensino superior, 55 recebem esse aporte.
Para conseguirem estudar, a maioria dos jovens (as entidades estudantis calculam que 70%) recorre ao financiamento com juros, que pode variar de 2% a 10%.
O resultado é que esses estudantes sairão das universidades já com uma grande dívida a ser quitada. A mensalidade do curso de sociologia da Universidade do Chile, por exemplo, custa R$ 1.018.
"O sistema educacional chileno é altamente segregador. Ele estabelece quem pode e quem não pode pagar. Hoje, a escola se traduz como reprodutora da desigualdade que há no país", afirma à Folha Jaime Gajardo, presidente do Colégio de Professores, o maior sindicato de magistrados do Chile.
Para o presidente da Feuc (Federação de Estudantes da Universidade Católica do Chile), Diego Vela, a educação no país é vista como um privilégio, e não um direito.
"É um modelo extremamente neoliberal que foi imposto pela ditadura de Pinochet. E isso precisa acabar", afirma Vela.
PROPOSTAS
A ex-presidente Michelle Bachelet, que lidera as pesquisas de intenção de voto, prometeu ensino superior gratuito em seis anos caso ela consiga ser eleita.
"Entendi muito claramente a mensagem dos jovens quando eles diziam que a educação não poderia ser um bem de consumo", declarou. Isso será feito caso Bachelet consiga adotar outras duas reformas que propõe: a tributária e constitucional.
Já sua principal opositora, Evelyn Matthei, da coalizão de direita Aliança, não acredita em educação gratuita para todos na universidade.
"Não vamos dar de presente a universidade para crianças de famílias poderosas que tiveram acesso a uma maior cultura", declarou.
Em seu programa, Matthei prevê o aumento de salários dos professores e uma subvenção estatal dada diretamente às famílias, para que elas escolham onde os filhos estudarão.