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Nas ruas de Teerã, reação é de alívio; moeda se valoriza

DE TEERÃ

Após acompanharem pela mídia cada passo das negociações em Genebra, muitos iranianos reagiram ao acordo nuclear com alegria e expectativa de alívio, ainda que modesto, no impacto devastador das sanções sobre o país.

O pacto tomou conta de conversas entre conhecidos, dominou bate-papos em táxis e monopolizou atenções nas redes sociais, bloqueadas mas acessadas graças a antifiltros.

"Estou muito feliz. Não há dúvida de que o acordo terá efeito nas nossas vidas", disse a tradutora e escritora Gita Garakani, 55.

Ela é uma das milhões de pessoas atingidas pelas sanções, que baniram o Irã do sistema financeiro, afugentaram investidores e derrubaram a venda de petróleo, maior fonte de renda nacional.

Segundo dados oficiais, a economia afundou 5% no último ano e a inflação supera 40%. Após o acordo, o rial, moeda iraniana, recuperou 3% de seu valor em relação ao dólar. O rial desvalorizou-se pela metade desde o ano passado.

Sintonizadas em canais noticiosos, TVs em cafés e lojas passavam à exaustão imagens do encontro em Genebra e entrevistas dos negociadores iranianos.

A euforia alastrou-se no Facebook, onde iranianos expressavam gratidão ao presidente Rowhani, eleito em junho com a promessa de convencer o Ocidente a levantar sanções.

"Não consigo expressar o quanto estou feliz por ter votado [no pleito presidencial]", postou um simpatizante de Rowhani.

A esperança contaminou meios empresariais. A corretora de imóveis Fatemeh Borzouei, 56, espera reverter a queda das vendas. "Torço para que a inflação caia e as pessoas fiquem menos estressadas".

Houve, contudo, reações céticas, como a do engenheiro Hessam A., 29. "O regime só quer ganhar tempo. É só uma pausa. Daqui a oito anos radicais voltam ao governo e aceleram tudo de novo."

Num país onde o ufanismo transcende questões políticas e sociais, a perspectiva de o Irã normalizar sua relação com o Ocidente mexeu com as emoções.

"[Quando soube do pacto], minha tristeza contida explodiu em prantos, pois me lembrei do vazio que devem sentir famílias de Ahmadi Roshan e Ali Mohammadi", disse o arquiteto Sadegh Taleei, 29, em referência a dois dos quatro cientistas nucleares assassinados desde 2010, possivelmente por Israel.

"Quando o dólar disparava, meu orgulho ficava ferido. Hoje estou melhor. Acabei de me casar e vejo um futuro melhor."


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