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Acordo com Irã atrasou 3 anos, diz Amorim

Texto anterior era mais duro com Teerã, afirma chanceler de Lula responsável por mediar pacto fracassado em 2010

Segundo Amorim, hoje ministro da Defesa, política interna dos americanos afetou as negociações na época

FERNANDO RODRIGUES DE BRASÍLIA

O ministro Celso Amorim (Defesa) afirma que o acordo sobre energia nuclear alinhavado em 2010 pelo Brasil e pela Turquia com o Irã era mais duro do que o atual, que acaba de ser anunciado.

Em certa medida, a negociação mediada em 2010 atenderia também mais aos interesses dos EUA do que o acerto do último domingo, assinado em Genebra entre Irã e o chamado P5+1 (EUA, Reino Unido, França, Alemanha, Rússia e China).

Em entrevista à Folha e ao UOL, Amorim afirmou que "foram três anos perdidos" desde a iniciativa liderada por Brasil e Turquia. "Do ponto de vista dos países ocidentais e dos EUA, aquele acordo [de 2010] era muito simples, muito matemático. Era tudo muito verificável", diz o ministro da Defesa, que foi durante oito anos (2003-2010) o titular da pasta de Relações Exteriores no governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

A diferença básica e mais relevante entre o acordo ensaiado em 2010 e o que foi firmado agora diz respeito a quem faria o enriquecimento do urânio. Há três anos, o Irã havia concordado em outorgar a outro país essa tarefa.

Pelo tratado atual, os próprios iranianos ficarão incumbidos dessa operação e depois se submeterão a algum tipo de fiscalização.

"Eu diria que o Irã estava fazendo uma concessão, naquela época, que não precisou fazer agora", diz Amorim, que participou diretamente da negociação em 2010. Naquele momento, o acordo acabou não prosperando porque o presidente dos EUA, Barack Obama, preferiu não levar as conversas adiante.

Ao analisar a razão pela qual as coisas não andaram há três anos, Amorim afirma ser "tentador dar vários tipos de resposta". O que torna tudo mais difícil de ser interpretado é que Brasil e Turquia obtiveram do Irã "exatamente aquilo que o presidente Obama tinha pedido", diz o ministro da Defesa. O desejo dos EUA foi detalhado em carta do próprio Obama a Lula.

Fatores políticos dentro dos EUA acabaram inviabilizando a execução final do acordo em 2010. Obama ainda estava no seu primeiro mandato e precisava garantir o apoio de todas as alas de seu partido na época, inclusive os mais conservadores, que viam com reticência um acordo nuclear com o Irã.

"Política interna e política internacional estão ligadas. Então, há relacionamentos internacionais dos Estados Unidos que têm reflexo na política interna", declara Amorim. Essa conjuntura acabou sendo "absolutamente preponderante" para o insucesso de três anos atrás.

HAITI

Líder de uma missão militar da ONU no Haiti desde 2004, o Brasil não será "uma guarda pretoriana de nenhum presidente haitiano", afirma o ministro da Defesa. Ele considera, entretanto, que o país não poderá "sair de uma maneira irresponsável" do território haitiano.

"Estamos fazendo uma retirada num ritmo bastante razoável. O Brasil tinha originalmente 1.200 homens. Esse número subiu para 2.300, mais ou menos. Já diminuímos cerca de 700 nos últimos dois anos e meio."

E quando será a retirada completa? "O que é desejável é que depois da próxima eleição, que deve ocorrer em dois, três anos, a gente esteja preparado para sair. E que o Haiti tenha a sua polícia nacional formada", diz Amorim.


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