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Casa onde Mandela morreu atrai centenas de pessoas

Ex-presidente será velado de quarta a sexta-feira, com cortejos fúnebres diários

Líder da África do Sul estampa lembranças como bonés e quadros, vendidos no bairro onde morreu na quinta-feira

FÁBIO ZANINI ENVIADO ESPECIAL A JOHANNESBURGO

A casa onde o ex-presidente sul-africano Nelson Mandela morreu, na quinta-feira, atraiu ontem centenas de pessoas, transformando a redondeza em um improvisado e festivo calçadão.

O ambiente no afluente bairro de Houghton, em Johannesburgo, era de um típico programa de fim de semana. Crianças nos ombros dos pais, carrinhos de bebê e pets se misturavam. Muitos carregavam flores para depositar na já congestionada esquina da casa de Mandela.

A bem aparada grama em frente a mansões vizinhas virou mostruário para ambulantes venderem todo tipo de badulaque, expostos no chão.

Quadros se vendiam a 200 rands (R$ 45), camisetas a 100 rands e bonés a 50 rands.

"Mandela é como uma religião na África do Sul", disse Sphamandla Shilubana, 19, parte da geração "born free" (nascidos livres), que nunca viu o apartheid, encerrado em 1994.

Mas é esta geração que mais sente os efeitos de uma economia que não gera trabalho (a taxa de desemprego passa de 25%). "Quero estudar engenharia e ir para fora. Se der, voltar depois de uns anos", afirmou Shilubana.

Acompanhada do filho, de 12 anos, Nomrula Coker lembra de quando negros como ela não podiam entrar em shopping centers. "Só quem conhecia shopping center era quem trabalhava lá", disse.

Em meio à animação da multidão, que tinha de hare krishnas cantando a comunistas entoando slogans, havia muita preocupação com o futuro.

"Agora que ele se foi, me sinto aprensiva. Não logo, mas no longo prazo, esse país pode ficar muito periogoso. As pessoas estão ficando impacientes com desemprego e corrupção", afirmou a médica Selma Lipschitz. "Espero que minhas duas filhas procurem outro país para viver".

Ontem, o governo sul-africano anunciou que de quarta a sexta, haverá cortejos fúnebres diários do hospital onde está o corpo até o velório, na capital, Pretória.

A presidente Dilma Rousseff viaja amanhã para a África do Sul, mas não está claro se fica até o enterro, no domingo. Ela trará consigo os ex-presidentes José Sarney, Fernando Collor de Mello, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva.


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