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Clóvis Rossi

Com ou sem crise, o chavismo vive

Mas a eleição municipal de hoje vai demonstrar se Maduro é aceito como o seu representante idôneo

Carlos Leáñez, professor da universidade caraquenha Simón Bo­lí­var, define com uma frase curta e grossa, em artigo para "El País", o momento em que a Venezuela vota, domingo, para eleger autoridades locais: "Cada vez é mais fácil encontrar a morte nas ruas de Caracas e mais difícil conseguir um litro de leite nas prateleiras semivazias dos comércios".

De fato, são 60 homicídios por 100 mil habitantes, o pior registro na América do Sul, subcontinente que não é exatamente uma região de paz. De fato, falta não só o leite, mas um punhado de artigos de primeira necessidade.

É preciso acrescentar uma inflação que será superior a 50% ao terminar o ano e um dólar, no câmbio negro, que vale umas dez vezes o valor oficial. Mais o posto 165 entre 174 países no ranking de corrupção da Transparência Internacional.

Dedução lógica nesse cenário: o governo do presidente Nicolás Maduro vai perder a eleição, que a oposição transformou em um plebiscito sobre o chavismo, certo?

Não necessariamente. O cenário era idêntico quando o Instituto Venezuelano de Análise de Dados mostrou que, com ou sem crise, 42,3% dos venezuelanos se definiam como "chavistas", ante 32,8% que aceitavam o rótulo de "oposicionistas", mais 22,9% de "independentes".

O trabalho de Maduro para ganhar o plebiscito não oficial de hoje não seria, portanto, dos mais complicados. Bastaria manter a fidelidade dos "chavistas" e conquistar uma fatia relativamente pequena dos "independentes".

O problema é que a crise minou a lealdade dos "chavistas" ao homem que, hoje, representa o comandante, morto em março. Mas não minou o suficiente para que se possa assegurar que a vitória será da oposição, por mais que a lógica indique que a crise é tão aguda que nenhum governo conseguiria triunfar.

Pesquisa de outubro do Datanálisis, o mais respeitado órgão de pesquisas da Venezuela, dava empate (37%) entre governo e oposição, com 25% de indecisos. A grande incógnita é saber para que lado penderão os indecisos, depois que Maduro declarou uma "guerra econômica" contra o capitalismo, que incluiu reduções forçadas de preços.

A lealdade ao chavismo se deve aos programas sociais, que tiraram da pobreza mais de 2 milhões de pessoas entre a primeira vitória de Chávez (1998) e 2011.

A Cepal (Comissão Econômica para América Latina e Caribe) acaba de divulgar os dados sobre pobreza de 2011 para 2012. A Venezuela foi, dos 11 países que reduziram a pobreza, o que teve o melhor resultado (queda de 5,6 pontos percentuais na proporção de pobres, com o que a taxa estacionou em 23,9%).

Para comparação: o Brasil, de tão celebrados programas de redução da pobreza, reduziu-a, de um ano para outro, em apenas 2,3 pontos percentuais.

O que a eleição de domingo vai definir é se a maioria considera Maduro um sucessor idôneo para Chávez como benfeitor dos pobres ou se seus adversários internos e a oposição terão sinal verde para começar a trabalhar para substituí-lo quando possível.


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