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Análise

Organização não morreu em Bali, mas continua na UTI

CLÓVIS ROSSI COLUNISTA DA FOLHA

A OMC não morreu em Bali, ao contrário do que se chegou a prognosticar até a undécima hora, mas continua na UTI.

Afinal, o acordo final não passa de uma "Doha descafeinada", como diz um dos gurus do comércio, o indiano radicado nos EUA Jagdish Bhagwati.

De fato, o que foi aprovado pode ser, como repete sempre o brasileiro Roberto Azevêdo, diretor-geral da OMC, o primeiro acordo no sistema multilateral em 20 anos. Mas não alcança mais que de 5% a 10% dos objetivos de liberalização comercial que a instituição fixara como meta em Doha, faz 12 anos.

Se esse montante modesto demandou uma maratona negociadora iniciada em Genebra, desde que Azevêdo assumiu, em setembro, e transportada para Bali, estourando todos os horários previstos para o encerramento da Ministerial, fica fácil imaginar como será infinitamente mais difícil avançar nos 90% ou 95% restantes da agenda Doha.

O Itamaraty festejou o desfecho, como é compreensível. Um fracasso teria ferido mortalmente aquela que é a aposta principal da diplomacia comercial brasileira, ou seja, o sistema multilateral.

Festejou o fato de que Bali outorgou mandato para que a OMC prepare, nos próximos 12 meses, um programa de trabalho para a retomada das negociações.

O festejo se explica porque a alternativa seria um desastre, mas não deve servir de anestesia. Não é razoável continuar esperando que Doha chegue ao fim, o que traria, sim, claros ganhos para o Brasil. Paralelamente, a Confederação Nacional da Indústria recomenda investir em negociações com as duas grandes usinas comerciais do planeta, EUA e União Europeia.

Estudo da CNI divulgado pelo jornal "Valor" mostra que um acordo com os EUA e a UE pode render ao Bra- sil um aumento de 121% nas exportações a esses dois mercados, o que significaria US$ 91,5 bilhões a mais com base em valores de 2012.

É urgente, portanto, diversificar a aposta comercial porque Doha é ainda uma miragem.


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