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Maduro promete mais 'guerra econômica'

Economistas se dividem sobre próximos passos do governo chavista após 'respiro' com resultado de eleição municipal

Pressão inflacionária e escassez continuam preocupando; oposição repensará estratégia em ano não eleitoral

FLÁVIA MARREIRO ENVIADA ESPECIAL A CARACAS

A Venezuela estava à espera de mais medidas da "ofensiva econômica" de controle de preços prometida pelo presidente Nicolás Maduro momentos após o chavismo conseguir vitória no voto nacional nas eleições municipais de anteontem.

Maduro, que chegou à Presidência com magra vantagem em abril, ganhou um "respiro" com os resultados que deram aos chavistas quase 700 mil votos a mais sobre o bloco opositor, a MUD, no total nacional (49,24% dos governistas e aliados contra 42,72% dos oposicionistas).

Os números não são tão eloquentes, especialmente pelo fato de que a oposição manteve trunfos importantes --cinco dos seis cargos em jogo em Caracas, além de capitais como Maracaibo e San Cristóbal, entre as dez cidades mais populosas do país.

Os opositores conseguiram ainda ganhar em cidades até então na mão dos chavistas, como Barquisimeto, capital de Lara, governada por um chavista dissidente, e Valencia, a terceira maior cidade do país, cujo prefeito chavista foi afastado por corrupção.

O problema é no discurso. A MUD, liderada pelo governador Henrique Capriles, perdeu no quesito que ela mesma propusera para a eleição: o voto nacional, instrumento para transformá-la numa espécie de "plebiscito simbólico" sobre o governo Maduro.

"Capri-caprichito, toma seu plebiscito", provocou a plateia chavista anteontem no discurso do presidente venezuelano, que dedicou os números a seu mentor, Hugo Chávez, morto em março.

No palco na praça Bolívar, em Caracas, Maduro negou que as medidas para baixar os preços de eletrodomésticos --que elevaram sua aprovação semanas antes da eleição-- tenham sido eleitoreiras e prometeu anunciar nesta semana novos controles, agora destinados aos setores de habitação e alimentos.

Apesar do fortalecimento com a eleição, inclusive dentro do chavismo, o governo Maduro continua tendo de enfrentar problemas, como a inflação acima de 50% anuais --o Banco Central parece ter decidido, devido à eleição, segurar o índice de novembro que deveria ter sido divulgado na semana passada-- e a crise do câmbio. No mercado negro, um dólar vale hoje nove vezes mais que o valor oficial, de 6,3 bolívares fortes.

Ontem, economistas locais e analistas de mercado discutiam o que Maduro fará agora. Para o britânico Barclays Capital, o governo deve promover desvalorização em um horizonte entre 30 e 60 dias.

A consultoria de risco Eurasia Group apostava em desvalorização, mesmo que só para um grupo de produtos.

"Dado o sucesso [popular] recente de ações intervencionistas, o risco de novas intervenções segue alto. Mais importante: as facções radicais do chavismo estão no controle da política econômica", disse a consultoria a clientes.

NOVA ESTRATÉGIA

No campo da oposição, o momento era de reacomodação, com vistas aos dois anos nos quais não haverá novas eleições --o próximo teste nas urnas será a renovação da Assembleia, no fim de 2015.

A conquista de grandes cidades dava, nas palavras de um estrategista opositor, "músculo" financeiro e vitrine para não "desaparecer" do debate público. Vozes pedem que a estratégia oposicionista inclua mobilizações populares e outros tipos de ações, para que sua presença em quase 40% do país não seja "atropelada" pelo governo.


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