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Putin promete anistia a ex-magnata preso

Perdão e apoio à libertação de ativistas são estratégia para melhorar imagem da Rússia a 2 meses dos Jogos de Inverno

Ex-magnata do petróleo havia sido chamado de 'ladrão' por Putin, que ontem voltou a alfinetar Obama por espionagem

LEANDRO COLON DE LONDRES

O presidente Vladimir Putin mostrou que na Rússia as coisas ocorrem como e quando ele quer. Ele anunciou ontem que decidiu anistiar o ex-magnata do petróleo Mikhail Khodorkovsky, preso há dez anos por lavagem de dinheiro, fraude e evasão fiscal.

Hoje com 50 anos, o empresário fez fortuna nos anos 90 ao adquirir a gigante do petróleo Yukos durante a privatização das estatais russas.

Foi acusado, durante o primeiro governo Putin, de lavar US$ 23,5 milhões (R$ 54 milhões) e roubar petróleo de poços estatais. Seu patrimônio já foi estimado em US$ 15 bilhões (R$ 34 bilhões).

Quando as autoridades o prenderam pela primeira vez, em 2003, Putin foi acusado de operar para punir um adversário, além de tentar intervir na economia para retomar o controle petrolífero. Dois anos depois, Khodorkovsky foi condenado --na época, Putin o chamou de "ladrão".

O "perdão" de agora atende a uma estratégia de Putin para melhorar a imagem da Rússia no exterior, a dois meses dos Jogos Olímpicos de Inverno em Sochi, na costa do mar Negro. Ele vinha sofrendo pressão de entidades de direitos humanos por manter um inimigo na cadeia.

Além de soltá-lo, ele já havia apoiado anteontem a decisão que anistia os 30 ativistas do Greenpeace (28 estrangeiros) detidos em seu país.

Em encontro com jornalistas em Moscou, o presidente disse que os dez anos de cadeia de Khodorkovsky já eram suficientes e que resolveu soltá-lo depois de receber uma carta em que o ex-magnata pede para ser libertado antes de agosto de 2014, quando acabaria sua pena. "Ele escreveu uma carta para mim pedindo clemência."

Há controvérsias sobre o documento. "Ele nunca assinou isso, e não tenho nenhuma informação de que alguém tenha feito esse apelo", disse Vadim Klyuvgant, advogado do preso. A própria mãe do ex-magnata teria negado. Assessores de Putin divulgaram a versão de que o empresário teria reconhecido sua culpa. Na verdade, ao anistiar um inimigo, o presidente russo se transforma num credor de sua liberdade.

GREENPEACE

Putin se manifestou também sobre a anistia a 20 mil prisioneiros e investigados, decisão que alcança os ativistas do Greenpeace, entre eles a bióloga brasileira Ana Paula Maciel, 31, detidos em setembro em protesto no Ártico. Todos poderão em breve retornar para seus países. "A anistia não foi feita para os ativistas, mas se eles se beneficiarem, tudo bem", afirmou.

O presidente disse ainda que nunca esteve com Edward Snowden, ex-técnico da Agência de Segurança Nacional e pivô do vazamento de dados dos EUA, que obteve asilo temporário da Rússia.

"[A espionagem] sempre existiu. É uma das profissões mais antigas do mundo, ao lado de algumas outras", disse Putin, em referência indireta à prostituição.

Ele defendeu a regulação da espionagem e alfinetou o presidente dos EUA, Barack Obama: "Sinto inveja. Ele pode fazer isso e nada vai acontecer".


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