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Morre Kalashnikov, inventor do AK-47
Major-general russo criou rifle que se tornou um símbolo, com mais de 100 milhões de exemplares vendidos
Militar desenhou fuzil padrão do Exército soviético, mas nunca cobrou regalias; vodca era sua fonte de renda
Um dos militares mais condecorados da história da Rússia, Mikhail Kalashnikov, inventor do fuzil AK-47, morreu ontem, na república de Udmúrtia, aos 94 anos. A causa da morte não foi divulgada.
Estima-se que a arma que concebeu em 1947 --e que chamou de "Automático Kalashnikov"--tenha cerca de 100 milhões de exemplares em todo o mundo.
Ex-comandante de tanques, Kalashnikov era oficial do Exército Vermelho e, à época, se recuperava de ferimentos sofridos na batalha de Briansk, durante a Segunda Guerra (1939-1945).
O fuzil logo se transformou no rifle de assalto padrão da infantaria soviética.
Nas décadas seguintes, passou a ser adotado também por exércitos regulares de mais de 80 países, por guerrilheiros e até por terroristas como o saudita Osama Bin Laden, que sempre a mantinha por perto.
Em consequência do sucesso de seu invento, Kalashnikov, que não chegou a terminar o ensino médio, foi promovido honorificamente a coronel, em 1971.
Em 1994, ao completar 75 anos, foi promovido de novo, dessa vez a major-general.
Recebeu ainda condecorações como o Prêmio Stálin, a Ordem de Lênin, a Ordem da Estela Vermelha e a Ordem de Santo André, essa conferida já pela Rússia, em 1998, e considerada a maior honraria do país.
'APARADOR DE GRAMA'
Ao jornal britânico "Guardian" ele declarou, em 2002, que "gostaria de ter inventado um aparador de grama". Noutra ocasião, afirmou: "Quando vejo na televisão Bin Laden com seu AK-47, fico revoltado. Mas o que posso fazer? Os terroristas não são tolos e escolhem as armas mais confiáveis".
Também perguntaram a Kalashnikov se, de alguma forma, ele se arrependia por ter criado arma tão poderosa. A resposta foi: "Eu a inventei para a proteção do nosso país e não carrego nenhum arrependimento. Também não tenho responsabilidade sobre como políticos a utilizam".
TIRO E QUEDA
Considerado um patriota mesmo após o fim da União Soviética, em 1991, ele nunca cobrou regalias ou recebeu direitos relativos à criação do fuzil AK-47. Curiosamente, sua maior fonte de renda provinha da venda de uma vodca que leva seu nome.
Já uma lenda, Kalashnikov esteve, em 2003, no lançamento da bebida em Londres.
Tinha, então, 84 anos e, ao concordar em ceder seu nome ao destilado, foi designado presidente honorário do conselho de direção da empresa que destilava a vodca em São Petersburgo, na Rússia, para exportá-la ao Reino Unido.
Kalashnikov se aposentou em 2012 e foi várias vezes hospitalizado nos últimos meses por problemas cardíacos.
