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Papa critica discriminação e visão 'adocicada' do Natal
Em tradicional oração, Francisco diz que memória de santo Estêvão, primeiro mártir, dissolve imagem de 'contos de fadas' da data
No dia em que a Igreja Católica celebra santo Estêvão, o primeiro mártir do cristianismo, o papa Francisco criticou a discriminação contra cristãos, inclusive em países onde a liberdade religiosa é garantida por lei.
O pontífice fez ontem a tradicional oração de meio-dia, falando a milhares de pessoas reunidas na praça de São Pedro.
Na oração, ele disse que "a festa de santo Estêvão está em plena sintonia com o profundo significado do Natal, já que, no martírio, o amor venceu a violência".
"A memória do primeiro mártir dissolve a falsa imagem do Natal, essa imagem de contos de fada, adocicada, que no Evangelho não existe", acrescentou.
Ele pediu à multidão um minuto de oração silenciosa.
"Peço que rezem, em particular, pelos cristãos que sofrem discriminação por causa do testemunho em nome de Cristo e do Evangelho".
Francisco disse que "limitações e discriminações" contra cristãos acontecem não apenas em países que não garantem a liberdade religiosa completa, mas também em lugares onde, "no papel, a liberdade e os direitos humanos são protegidos (...). Essa injustiça precisa ser denunciada e eliminada".
Francisco não especificou nenhum país, mas o Vaticano há bastante tempo pede que a Arábia Saudita, onde ficam os lugares mais sagrados do islamismo, suspenda as restrições a orações de cristãos em público.
Vários incidentes de intolerância religiosa aconteceram em 2013 em países de minoria cristã, como Egito, Indonésia, Iraque e Sudão.
No passado, o Vaticano já manifestara preocupação com o que o ex-papa Bento 16 descreveu como "formas sofisticadas de hostilidade" contra os cristãos em países ricos, como a restrição ao uso de símbolos religiosos em locais públicos.
O papa terminou seu discurso pedindo que este Natal suscite um "generoso compromisso de amor e que no interior das famílias e das várias comunidades se viva esse clima de fraternidade e de entendimento que tanto ajudam o bem comum".