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Clóvis Rossi

Dilma em Davos funcionou?

Avaliações diferem, mas ela deixou claro que não é uma inimiga do mercado, ao contrário das críticas

DAVOS -- Funcionou o que Joe Leahy, o competente correspondente do "Financial Times" no Brasil, chamou de "ofensiva de charme sobre as corporações" da presidente Dilma Rousseff, na forma de seu comparecimento ao epicentro do mundo corporativo que é o encontro anual do Fórum Econômico Mundial?

As respostas variam conforme o executivo com o qual você conversa. Os que acham que não funcionou preferem manter-se no anonimato, ao contrário dos que dizem que, sim, funcionou.

Entre estes está o próprio criador e presidente do fórum, o professor suíço Klaus Schwab, para quem o discurso de Dilma foi surpreendentemente "market friendly", quando a maioria dos críticos toma a presidente por incorrigível estatista.

Para a própria Dilma deve ter funcionado, porque Schwab disse à Folha que ela insinuou que voltaria no ano que vem, desde que reeleita, como é óbvio.

Claro que sempre convém dar um desconto para frases simpáticas de Schwab, que é mestre consumado em relações públicas e jamais conseguiria reunir tantos governantes e líderes corporativos, ano após ano, se fosse rude com seus convidados.

Mas não é um elogio isolado.

Carlos Represas, presidente para América Latina da canadense Bombardier, diz que a presidente fez "um exaustivo apanhado das realizações do governo e de seus planos para o futuro. Gostei muito".

Que Dilma precisava vir, parece indiscutível. Antes, o ambiente entre executivos em relação ao governo aparecia com nitidez na avaliação do fundo Pimco, um dos maiores administradores de fundos do mundo. O "Financial Times", outra bíblia dos executivos, citou coluna de Michael Gomez, corresponsável pela carteira de fundos em mercados emergentes, na qual diz, mencionando a divisa "Ordem e Progresso" da bandeira brasileira:

"Para investidores em mercados emergentes, o clima para investir no Brasil caracterizou-se em 2013 por tudo menos ordem e progresso". Razões: "o PIB real está estagnado e bem abaixo das previsões do governo, enquanto a inflação é teimosamente elevada".

Duvido que um simples discurso mude percepções que são baseadas mais nos números da economia do que em falas presidenciais.

Mas seria puro preconceito ideológico dizer, depois do discurso, que Dilma rejeita o mercado. Pode até não gostar dele, sei lá, mas sabe perfeitamente que ou convive com ele ou estará perdida. É uma inevitabilidade do mundo moderno, do que dão prova, na vizinhança, os problemas da Argentina e da Venezuela.

Por falar em Argentina: a crise, que explodiu exatamente no dia em que Dilma se apresentava em Davos, não afetou dramaticamente o Brasil. Aliás, Alexandre Tombini, o presidente do Banco Central, acha que continuará não afetando.

Significa que o Brasil está conseguindo descolar-se do bolo dos emergentes, com o que evita a percepção de que o que acontece com um deles contaminará todos os outros, Brasil inclusive.

O país parece vacinado contra aventuras, o que é mérito de muitos, Dilma entre eles.

crossi@uol.com.br


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