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Às vésperas de encontro, ilha eleva pressão sobre opositores
PATRÍCIA CAMPOS MELLO DE HAVANANo dia em que a presidente Dilma Rousseff chegou a Havana, o dissidente cubano Guillermo Fariñas denunciou que está sob prisão domiciliar há três dias.
Segundo ele, autoridades querem evitar a sua participação em um fórum de opositores paralelo à cúpula da Celac, organização que reúne todos os países das Américas menos EUA e Canadá.
Fariñas já fez 28 greves de fome como protesto contra os presos políticos em Cuba.
Na sexta-feira, outro opositor, José Ferrer, foi preso após se encontrar com diplomatas europeus e está desaparecido até hoje, segundo ativistas. Ele também participaria do fórum de opositores.
Cuba está se cercando de cuidados para não haver nenhum incidente na cúpula e aumentou a pressão sobre os dissidentes.
Dilma chegou a Havana ontem à tarde para participar da cúpula da Celac, criada para ser um contraponto à Organização dos Estados Americanos (OEA).
Hoje pela manhã, ela inaugura o porto de Mariel ao lado de Raúl Castro. O porto está sendo construído pela Odebrecht com um investimento de US$ 957 milhões (US$ 682 milhões financiados pelo BNDES). É a grande aposta do governo cubano para atrair investimentos e "atualizar" o modelo socialista da ilha.
A presidente deve participar ainda de cerimônia com cubanos que participarão no Brasil do programa Mais Médicos.
À tarde, Dilma terá uma reunião com Raúl Castro no Palácio da Revolução. Os dois dirigentes devem discutir o programa Mais Médicos e investimentos brasileiros em Cuba.
O governo cubano encara a cúpula como a reinserção oficial do país nos organismos internacionais. A ilha ficou fora da maior parte das organizações até 2010, quando entrou na Celac.
Em Havana, os principais temas serão redução da desigualdade na região, Malvinas, combate às drogas e o fim do embargo americano.
O secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, participarão da reunião.
É a primeira vez que um representante da OEA vem ao país desde que ele foi suspenso da organização, em 1962, sob pressão dos EUA.
A OEA revogou a suspensão de Cuba em 2009, mas o governo cubano não quer voltar para a organização, que afirma ser dominada pelos Estados Unidos.