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Ucrânia derruba legislação antiprotesto, e premiê cai
Oposição vê vitória parcial; atos continuam pedindo saída do presidente
Leis proibiam bloqueio de prédios estatais e até uso de máscaras; Putin diz que Kiev não precisa de mediação na crise
Pressionado pela onda de protestos que já dura dois meses, o presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, fez ontem suas maiores concessões até agora. A pedido dele, o Parlamento votou ontem pela manhã, em reunião extraordinária, a anulação de nove das doze leis repressivas que, neste mês, haviam levado a confrontos na capital, Kiev. Junto com isso, Yanukovich teve de aceitar o pedido de renúncia do premiê, Mykola Azarov, um fiel aliado.
Entre os textos anulados por 361 dos 412 deputados presentes está aquele que determinava a prisão, por até 15 anos, dos participantes de manifestações pacíficas.
A legislação proibia, ainda, a instalação de barracas em espaços públicos, o bloqueio de prédios estatais, a organização de carreatas e o uso de máscaras nos atos.
Todas essas normas têm sido violadas diariamente no país, já que a praça da Independência, no centro de Kiev, está tomada por barricadas e protestos há meses.
Segundo a Constituição, a saída do primeiro-ministro significa a dissolução de todo o gabinete.
Anteriormente, o presidente Yanukovich havia oferecido o cargo de primeiro-ministro ao líder opositor Arseni Yatseniuk, como maneira de apaziguar protestos. Yatseniuk recusou a oferta.
RESISTÊNCIA
Na praça da Independência, manifestantes vêm afirmando que só deixarão de protestar após a renúncia do próprio Yanukovich.
O político e ex-boxeador Vitali Klitschko, um dos líderes da oposição ucraniana, afirmou que a saída de Azarov "não é a vitória, mas só um passo rumo à vitória".
A crise civil foi iniciada na Ucrânia no último mês de novembro, após Yanukovich desistir de um aguardado processo de aproximação com a União Europeia.
Ele optou, no lugar disso, por reforçar os laços com a Rússia, sob pressão do presidente Vladimir Putin.
Em contrapartida, a Rússia ofereceu um auxílio de US$ 15 bilhões e diminuiu o preço do gás natural vendido a Kiev. Ontem, Putin disse que a Ucrânia "não precisa de intermediários" e que Moscou "quer ter a certeza de que recuperará seu dinheiro".
Os protesto pacíficos em torno da praça da Independência tornaram-se ainda mais problemáticos em janeiro, quando foram aprovadas as medidas entendidas como antidemocráticas.
No dia 22, no primeiro confronto com vítimas, ao menos três foram mortos. Desde então, a região oeste do país --menos influenciada pela Rússia-- tem visto manifestações e a tomada à força de construções públicas.