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Fim das charretes no Central Park preocupa cocheiros brasileiros

Trabalhadores e turistas lamentam, mas prefeito de NY e ativistas argumentam que a atividade prejudica o bem-estar dos animais

ISABEL FLECK DE NOVA YORK

A bandeira verde-amarela presa à charrete é o chamariz para turistas brasileiros na fila de cocheiros que se forma ao extremo sul do Central Park, em Nova York.

Em português, o gaúcho Paulo Karummenauer, 48, explica as opções de trajeto, o valor do passeio, o tempo gasto. Numa época de muito movimento, chega a dar até 15 voltas pelo parque, em circuitos de 20 e 40 minutos, que custam US$ 50 e US$ 100, respectivamente.

Mas o brasileiro, que conduz charretes no Central Park há mais de 15 anos, pode perder o emprego nos próximos meses. O novo prefeito de Nova York, Bill de Blasio, quer acabar com a atividade, alegando que o tratamento dado aos cavalos é cruel. Seu projeto é substitui-los por carros elétricos, de estilo "vintage". "Não consigo imaginar passar aqui no Central Park e não ver as carruagens", diz.

Após a posse de Blasio, em 1º de janeiro, o debate se acirrou entre as organizações pelos direitos dos animais e os donos de estábulos. Os dois lados se mobilizaram, com campanhas incentivando a população a falar com os parlamentares tanto para aprovar como para barrar a ideia.

"Os cavalos trabalham em uma das situações de tráfego mais perigosas do mundo, com muito congestionamento. As leis raramente são aplicadas, e não é incomum ter as carruagens sobrecarregadas ou longos expedientes", afirma Elizabeth Forel, presidente da Coalizão para Banir as Charretes.

O também brasileiro Luiz Alberto Kemmer, 49, que trabalha há quase 18 anos como "piloto de carruagem", rebate as acusações com documentos da prefeitura e o aspecto saudável do cavalo Julio, de 14 anos.

"Os animais não saem do estábulo com temperaturas acima de 32º C ou abaixo de -6º C, nem quando está chovendo ou nevando. Também não trabalham mais de nove horas por dia, que é o permitido por lei, e têm cinco semanas de férias por ano", diz Kemmer.

Os brasileiros estão entre os 150 cocheiros que conduzem 220 cavalos nas 68 charretes autorizadas a trabalhar no parque. Cada animal possui um número de registro no casco e nas rédeas e deve passar ao menos duas vezes por ano por um veterinário.

SÉCULO 21

Os ativistas argumentam que a cidade é nociva. "O uso de cavalos em charretes na Nova York do século 21 não é natural ou necessário e traz uma tensão inegável à vida dos animais", diz Bret Hopman, porta-voz da Sociedade Americana para a Prevenção de Crueldade contra Animais.

Os donos de cavalos acusam Blasio de agir motivado pela especulação imobiliária dos prédios onde ficam atualmente os estábulos.

Em meio à batalha, os turistas têm corrido para garantir um passeio antes que a atividade seja extinta. "A cidade vai perder uma tradição importante. Isso faz parte do cartão postal de Nova York", lamentou o empresário carioca Eduardo Veiga, 32.


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