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Colombiano vê 'força obscura' em grampos

Presidente diz que opositores de negociação de paz com as Farc estão por trás de espionagem revelada por revista

Monitoramento de mensagens de celular e e-mails de membros do governo teria sido feito por setores do Exército

JULIANA VINES COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM BOGOTÁ

Após saber do envolvimento do Exército em um suposto esquema de espionagem das negociações do governo colombiano com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), o presidente Juan Manuel Santos disse que "forças obscuras", interessadas em acabar com o processo de paz, podem estar por trás do escândalo.

O esquema, revelado pela revista "Semana", envolve setores de inteligência militar que, de um imóvel em Bogotá onde funcionavam um restaurante e uma lan house, monitoravam e-mails e mensagens de representantes do governo nas negociações, que acontecem em Havana (Cuba).

Os alvos seriam o negociador-chefe do governo, Humberto de la Calle, o alto comissário de paz, Sergio Jaramillo, e o diretor da Agência Colombiana para a Reintegração, Alejandro Eder, além de líderes da guerrilha.

Para as Farc, as "forças obscuras" contra a paz têm nome e sobrenome: o ex-presidente Álvaro Uribe, que publicamente se posiciona contra as negociações e é candidato ao Senado em março.

Ontem, o número dois das Farc e chefe da negociação, Iván Márquez, afirmou que, se confirmada, a espionagem é "muito séria".

Em resposta, Uribe publicou em seu Twitter: "Eu não preciso recorrer a serviços clandestinos de inteligência, a mim me basta a confiança dos cidadãos". E criticou a posição do governo, que afastou dois generais do serviço de inteligência do Exército.

"É ruim para a pátria que militares sejam abatidos como bodes expiatórios em favor da cumplicidade do governo com as Farc", disse.

LÍCITO OU ILÍCITO?

As investigações sobre o esquema já começaram, e Santos deu até sexta-feira da próxima semana para o Exército apresentar as conclusões.

Ontem, ele deu um voto de confiança aos militares. "O Exército afirmou que a atividade é legal. Cabe à investigação separar o que é lícito do que é ilícito."

Para Sandra Borda, professora da Universidad de Los Andes, em Bogotá, o esquema parece estar relacionado com setores do Exército que estão descontentes com as negociações.

"Aparentemente é um grupo pequeno, sem muito peso, mas que está se sentido fora da mesa de negociações, apesar de os militares terem um representante em Havana", declarou.

A também cientista política Arlene Beth Tickner, autora de "Relaciones internacionales y política exterior de Colombia", acha provável que pessoas próximas a Uribe tenham alguma relação com a espionagem.

"É algo que já se suspeitava, que setores militares estão descontentes com o processo de paz e podem estar associados à oposição".

Para as duas especialistas, a revelação do esquema não terá impacto negativo nas negociações de paz, que se estendem desde 19 de novembro de 2012.

Borda acredita que o impacto maior vá ser na eleição presidencial, em maio, pois o resultado das negociações poderá ajudar na reeleição de Santos.


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