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Ilustrada em cima da hora

Últimos dias de Seymour Hoffman foram de inconstância

Segundo a polícia, ator achado morto no domingo fez seis saques de US$ 200 em menos de meia hora; amigo recebeu últimos SMS

MICHAEL WILSON DO "NEW YORK TIMES"

Um pai que levava os filhos ao playground. Um homem desalinhado esperando ao lado do caixa automático de uma mercearia. Um cara que enviou um SMS ao amigo convidando-o para assistir ao jogo do New York Knicks.

A mensagem de texto talvez seja a última comunicação conhecida do ator Philip Seymour Hoffman, cujos dias finais foram uma mistura de trabalho, relacionamentos sociais, compras furtivas de drogas e, por fim, o que parece ter sido uma overdose fatal de heroína. Seu corpo foi encontrado, na manhã de domingo, no chão do banheiro de seu apartamento, com uma agulha no braço.

Para um homem que morreu sozinho aos 46 anos, sua jornada nada teve de privada. Ele era visto sempre pelos vizinhos, no Greenwich Village, empurrando um carrinho de bebê, fumando um cigarro ou orientando um turista perdido. Em resumo, um nova-iorquino comum --mas com uma estatueta do Oscar.

Os dias finais não foram diferentes. Hoffman nada tinha de recluso. As pessoas o viam em toda parte. O retorno de Hoffman, aparentemente bêbado, após viagem a Atlanta, onde estava filmando o novo filme da série "Jogos Vorazes", na semana passada, não passou despercebido.

Ele parecia reticente em sua última aparição pública, para promover os filmes "God's Pocket" e "A Most Wanted Man", no festival Sundance, em Utah, no dia 19 de janeiro. Mas amigos dele mais tarde apontariam para o fato de que Hoffman muitas vezes tinha aquela cara de quem havia passado a noite toda na farra, mesmo após uma boa noite de sono.

Ele voltou a Nova York, onde morava em um apartamento alugado na rua Bethune, depois de ter deixado a casa onde vivia com a mulher, Mimi O'Donnell, e os três filhos do casal, na rua Jane.

Hoffman foi a uma reunião dos Narcóticos Anônimos em dezembro, quando o líder perguntou se os presentes estavam contando seu tempo sem drogas em anos, meses, semanas ou dias. Hoffman disse que estar "contando dias", de acordo com um participante. Hoffman estava de barba feita e bem vestido. "Ele parecia ótimo."

Era uma luta que ele encarava com seriedade. "Phil passou mais de 25 anos sóbrio", disse David Bar Katz, dramaturgo e amigo do ator, que descobriu sua morte.

Ele chegou a Atlanta na semana passada para filmar cenas do último filme da série "Jogos Vorazes", que deve sair em 2015. Um freguês fotografou Hoffman sentado num bar no centro da cidade.

VOO

Quando ele voltou a Nova York, sua condição era tal que Theresa Fehr, executiva de seguros que trabalha em Houston, achou que ele fosse "um morador de rua".

Depois do voo até o aeroporto La Guardia, durante o qual ele foi fotografado largado em sua poltrona, Hoffman foi transportado do portão à saída do terminal por um carrinho elétrico. "Ele passou por mim e minha noiva", conta Andrew Kirell, editor do blog Mediaite, que cobre assuntos de mídia. "Sua aparência estava péssima."

Pela manhã de sábado, Hoffman parecia ter voltado ao normal, aparecendo para apanhar seu pedido regular --um café expresso quádruplo-- no Chocolate Bar.

Katz havia enviado um SMS ao ator para marcar um de seus frequentes jantares de filé e café. Mais tarde naquele dia, Hoffman se encontrou com O'Donnell e os filhos. A polícia informou que O'Donnell o descreveu como chapado, quando falou com ele mais tarde no sábado.

Hoffman jantou por volta das 19h30 no Automatic Slim, um bar do West Village que ele frequentava, com dois outros homens. O bar fecharia para uma festa às 21h30, mas Hoffman já tinha saído.

A polícia diz que ele sacou US$ 1.200 no caixa automático da mercearia D'Agostino, perto de seu apartamento, em seis transações de US$ 200. Havia intervalos de alguns minutos entre elas.

Hoffman enviou um SMS ao amigo Katz às 20h44 daquele dia: "Quer ver o segundo tempo do jogo do Knicks na Bethune?". Às 20h58min, Hoffman enviou outro SMS.

Mas Katz contou que só viu o convite mais de uma hora depois. Às 23h30min, depois de ver as mensagens, Katz enviou um SMS a Hoffman: "Saindo pra jantar. Cadê você?". Não houve resposta.


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