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Popularidade do rei da Espanha atinge o seu menor índice

Só 41% apoiam Juan Carlos 1º, diz pesquisa; caso de corrupção envolvendo uma de suas filhas piora quadro

Maioria dos espanhóis quer que ele passe o trono ao filho Felipe, cuja popularidade foi de 56% para 66%

LUISA BELCHIOR COLABORAÇÃO PARA A FOLHA EM MADRI

Quando tinha a idade atual de seu filho, 45, o rei espanhol Juan Carlos 1º vivia o auge de seu protagonismo político e popularidade: em meio a uma tentativa de golpe militar, na Espanha recém-saída da ditadura, o monarca apareceu em cadeia nacional com farda de capitão-geral ordenando que as Forças Armadas desocupassem o Parlamento, invadido a tiros.

Pouco mais de 30 anos depois, e justo no dia em que completava 76 anos, 5 de janeiro, o rei recebeu de presente a popularidade mais baixa de sua história, 41%.

Pesquisa feita em dezembro pelo jornal "El Mundo", publicada no dia 5, indicou também que, pela primeira vez, mais da metade dos espanhóis não apoiam a monarquia. A maioria é favorável a que ele abdique em favor do príncipe Felipe, cuja aprovação foi de 56% para 66%.

Hoje, o herdeiro lidera as pesquisas de popularidade, juntamente com sua mãe, a rainha Sofia.

Muitos defendem que ele deva assumir o trono para tentar limpar a imagem de uma família real que já foi considerada a mais querida da Europa e hoje se tornou uma das vilãs.

Ontem, pela primeira vez na história do país, um membro da família real se apresentou à Justiça --a infanta Cristina, filha caçula do rei e sétima na linha de sucessão.

No início do mês, ela foi indiciada por participação em um suposto esquema de desvio de verbas públicas e de fraude fiscal cometidos pela empresa de seu marido, Iñaki Urdangarín, que tem título real --duque de Palma.

Na entrada do tribunal em que Cristina depôs, um grupo de manifestantes segurava cartazes nos quais era possível ler "Sangue real = Justiça irreal".

SEM ABDICAR

Apesar das pressões, o rei, porém, não deve deixar o trono, segundo especialistas consultados pela reportagem.

Desde que Juan Carlos assumiu a coroa, em 1975, até o começo da crise, a família real aparecia seguidamente entre as instituições mais bem cotadas em pesquisa que o Centro de Investigações Sociológicas faz a cada trimestre. No ano passado, porém, a realeza teve nota 3,6.

Em 2009, o divórcio de Elena, a filha mais velha do rei, e rumores de relações extraconjugais do monarca começaram a manchar a imagem da família.

O agravamento da crise econômica e do desemprego despertaram os movimentos antimonárquicos. A derrocada aumentou com a famosa viagem do próprio monarca para caçar elefantes na África, em 2012, numa semana em que a Espanha esteve à beira de um resgate financeiro pela União Europeia. Em 2013, o envolvimento de sua filha no suposto desvio de verbas piorou o quadro.

"Abdicar não é um cenário desejável pelo rei, embora o príncipe Felipe esteja já totalmente preparado para assumir o trono", afirmou o historiador Emilio de Diego, da Universidade Complutense de Madrid.

"A monarquia na Europa hoje se legitima pelo cumprimento da função da realeza, e, na Espanha, essa função é a de moderadora entre Estado e população. Então as pessoas aqui cobram muito uma atitude do rei diante das decisões do governo, como na época do combate forte ao ETA [grupo separatista basco] e agora no debate sobre a independência da Catalunha", afirma o especialista.

"Em ambos os casos, ele não fez nem disse nada, o que foi um erro. Por isso, a próxima pergunta do povo será: qual é então a função de um rei?'", diz.

Diego acha que, caso Juan Carlos 1º abdique, isso só vá ocorrer em ao menos cinco anos, depois de ter resgatado parte de sua popularidade.

"Ele não vai abdicar, não é uma possibilidade que eles considerem. A família real sabe que tem uma tarefa muito complicada, mas tem uma necessidade de se reinventar, para os espanhóis continuarem achando que uma monarquia é viável", diz a jornalista Mabel Galaz, que cobre a família real pelo "El País".

"O rei no século 21 deve ser um embaixador de primeira categoria, e a família real deve ser transparente, já que cada vez mais as pessoas acham que a monarquia é desnecessária", afirma Galaz.


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