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Foco

Cineasta argentino prepara documentário sobre o papa

Estreia ocorrerá em favela que Francisco frequentava

Registros do longa "Francisco de Buenos Aires" ajudam a entender estilo de vida austero do religioso

LÍGIA MESQUITA DE BUENOS AIRES

"Alguém vai dizer que sou comunista? Por aí, vai ver que sim. Eu creio que não. Eu interpreto o que a igreja te pede", disse Jorge Mario Bergoglio, então arcebispo de Buenos Aires, ao defender um estilo de vida austero para aqueles que trabalham com caridade.

A declaração, de maio de 2009, foi feita em um canal religioso da TV argentina.

Bergoglio havia gravado uma mensagem criticando a organização humanitária Cáritas por ter feito um evento em um restaurante elegante de Puerto Madero, bairro sofisticado de Buenos Aires, quando a um quilômetro dali havia pessoas vivendo em uma pequena favela.

"Se você entra no serviço de solidariedade, seus hábitos de vida têm que mudar. Você precisa abandonar certos luxos que se permitia antes", afirmava o arcebispo.

Essa imagem daquele que quatro anos depois se tornaria o primeiro papa latino-americano é um dos registros do pontífice que estarão no documentário "Francisco de Buenos Aires". E que ajudam a entender o motivo de Bergoglio ter mantido seu estilo de vida austero no Vaticano.

A Folha teve acesso a alguns trechos do filme de Miguel Rodríguez Árias, que terá pré-estreia em Buenos Aires no dia 13 de março, quando se completa um ano do pontificado de Francisco.

As primeiras exibições serão na Villa 31, favela que o religioso costumava frequentar. Depois, o filme irá a cinemas de Argentina e Itália, países coprodutores do projeto.

O cineasta conta que a ideia de fazer um longa sobre o novo papa surgiu quatro dias após ele ter sido eleito o novo líder da igreja, em substituição a Bento 16 --cuja decisão de renunciar completou um ano ontem.

"Há 30 anos gravo entrevistas de políticos, de religiosos e de outras personalidades do país. Quando vi que Bergoglio seria o novo papa, pensei: tenho muito material sobre ele. Isso dá um filme", disse Árias à Folha em seu escritório repleto de estantes com fitas VHS, no bairro de Palermo.

Às 50 mil horas de gravação com imagens, homilias e entrevistas de Bergoglio somaram-se depoimentos que tentam explicar por que um jesuíta de hábitos austeros, sul-americano, acabou se tornando papa.

O resultado, segundo o diretor, é um documentário "laico" que tenta mostrar como Francisco está fazendo uma "revolução" na igreja.

"Ele critica o capitalismo selvagem, o acúmulo de riquezas. Hoje, você não pode pensar em um cardeal andando em um carrão em Roma", diz. "Além disso, é uma pessoa que tem domínio da comunicação, sabe usar o marketing a favor da igreja."

MEDICINA

Uma das entrevistadas do longa é Maria Elena Bergoglio, irmã de Francisco. Ela lembra o dia em que ele, aos 18 anos, revelou à família que se dedicaria à vida religiosa.

"Nossa mãe arrumou um quarto para que ele estudasse para fazer faculdade de medicina. Mas ela foi reparando que havia livros de teologia e filosofia e perguntou se ele havia mentido que queria ser médico. E ele respondeu: Não menti. Vou estudar medicina, mas da alma'."


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