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Britânicos recordam Stuart Hall, 'pai do multiculturalismo'

Sociólogo e teórico cultural, morto na segunda-feira aos 82 anos, influiu em debates acadêmicos e políticos ao longo de seis décadas

PATRICK BUTLER DO "GUARDIAN"

Acadêmicos, escritores e políticos fizeram homenagens a um dos maiores intelectuais britânicos, o sociólogo e teórico cultural Stuart Hall, morto na segunda, 10 de fevereiro, aos 82 anos.

Conhecido como o "pai do multiculturalismo", Hall exerceu enorme influência sobre os debates acadêmicos, políticos e culturais ao longo de mais de seis décadas.

Nascido na Jamaica, Hall foi professor de sociologia na Open University entre 1979 e 1997, coroando uma carreira iniciada quando ele se tornou pesquisador no primeiro centro de estudos culturais do Reino Unido, na Universidade de Birmingham, em 1964.

Mais tarde, Hall assumiu a direção do centro e se tornou figura-chave no desenvolvimento dos estudos culturais como disciplina acadêmica.

Mas seu impacto foi sentido também fora da academia. Os escritos de Hall sobre raça, gênero, sexualidade e identidade e sobre os vínculos entre preconceito racial e mídia nos anos 70 foram considerados revolucionários.

Para a deputada Diane Abbott, Hall era "um herói, um homem negro que superou limites impostos pelo racismo e foi um dos maiores teóricos culturais de sua geração".

Nos anos 80, Hall escreveu no "Marxism Today", com o qual formou ligação estreita. A crítica do periódico ao thatcherismo --termo que Hall teria cunhado-- contestava o pensamento tradicional da esquerda, segundo o qual a cultura era determinada puramente por forças econômicas. Essa nova visão viria a influenciar líderes como o ex-premiê britânico Tony Blair.

O deputado David Lammy elogiou a presciência e o escopo intelectual de Hall, que foi seu amigo: "Era um daqueles acadêmicos totais que conseguiam escrever de maneira incrivelmente erudita, mas também capaz de explicar as coisas de maneira compreensível a pessoas comuns. Era um pensador a quem era impossível ignorar".

Em uma de suas últimas entrevistas, dada ao "Guardian" dois anos atrás, Hall expressou pessimismo sobre a política em geral e os trabalhistas especificamente:

"A esquerda enfrenta problemas. Não tem ideias, não tem análise independente própria e por isso não tem visão. Apenas mede a temperatura e avalia: Espere aí, isto aqui não está funcionando, vamos nos deslocar para a direita'. Não tem a visão da política como sendo educativa, da política que muda a visão de mundo das pessoas".

Hall recebeu uma educação tradicional "inglesa" na Jamaica e, em 1951, obteve bolsa de estudos para Oxford.

Diplomou-se em literatura inglesa, mas mais tarde abandonou um doutorado sobre Henry James para se concentrar na política, criando o influente periódico "New Left Review" com os acadêmicos de esquerda Raymond Williams e EP Thompson. Doente havia algum tempo, estava afastado da vida pública.


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