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Islâmicos são sitiados em país africano

ONG denuncia que milícia cristã cerca igreja onde muçulmanos se refugiaram, na República Centro-Africana

França promete enviar mais tropas ao país, que vive conflito étnico desde chegada ao poder de grupo muçulmano

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Cerca de mil pessoas, na maioria muçulmanos, estão há duas semanas refugiadas em uma igreja cercada por uma milícia cristã em Carnot, na República Centro-Africana (RCA), segundo a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF).

A cidade, de maioria muçulmana, foi dominada pela milícia em fevereiro. Desde então, pessoas que não conseguiram fugir para o vizinho Camarões tiveram que se refugiar na igreja.

O MSF denuncia que o padre já foi ameaçado diversas vezes e que milicianos armados prometem matar todos os muçulmanos da cidade.

Ontem, a Anistia Internacional (AI) denunciou um massacre em uma vila no noroeste do país, onde uma única muçulmana órfã de 11 anos foi encontrada viva.

Um comboio da missão africana que retirava muçulmanos da capital, Bangui, foi obrigado a retornar ontem depois que um ataque de milicianos cristãos matou uma pessoa no norte da cidade. Os carros retornaram para uma mesquita, enquanto cristãos gritavam ameaças nas ruas.

Segundo o MSF, a maior parte da população de Carnot já fugiu do país por causa do conflito étnico que se instalou desde que a milícia muçulmana Seleka derrubou o presidente François Bozizé, em março de 2013.

Em resposta, a milícia cristã foi criada para combater ataques que o grupo islâmico propagou. Cristãos são maioria no país africano, um dos mais pobres do mundo.

Em dezembro, a então prefeita da capital, Catherine Samba-Panza, assumiu a Presidência, num acordo entre as partes, mas o conflito continua e já deixou mais de 2.000 mortos.

Samba-Panza prometeu nesta semana combater a milícia cristã. "Eles perderam seu senso de missão. Agora são os que matam e roubam", disse.

Soldados da União Africana e da França tentam conter a violência. Ontem, o presidente francês, François Hollande, autorizou o envio de mais 400 soldados de seu país --completando 2.000 homens no país africano.

Em Carnot, o MSF diz que a força internacional não é suficiente para proteger a cidade e se concentra em cuidar dos refugiados na área da igreja.

No último dia 7, um grupo armado entrou em uma casa com 86 refugiados e matou sete homens. O hospital do MSF também já foi invadido pelas milícias algumas vezes.

O tratamento e o deslocamento de feridos dependem de negociação com a milícia.

LIMPEZA ÉTNICA

No último dia 12, a Anistia denunciou que as forças internacionais de paz não conseguiram evitar uma "limpeza étnica" de civis muçulmanos no oeste do país.

A população muçulmana fugiu de várias cidades e povoados, enquanto os poucos que permaneceram se refugiaram em igrejas e mesquitas.

A situação traz más lembranças para a comunidade internacional. Há 20 anos, membros da minoria tutsi se refugiaram em igrejas do país, na tentativa de escapar de massacres perpetrados pela etnia rival hutu.

Mas diversas foram invadidas, o que colaborou para o genocídio de cerca de 800 mil pessoas.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, advertiu ontem para o risco de genocídio na República Centro-Africana e pediu ação do Conselho de Segurança.

Antes da crise, muçulmanos eram cerca de 15% dos 4,6 milhões de pessoas do país. Aproximadamente um quarto da população está deslocado pelo conflito.

A ONU disse que a situação no país africano se transformou em uma catástrofe humanitária de "proporções inexplicáveis".


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