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Choques põem Ucrânia à beira de guerra civil

Manifestantes e polícia rompem trégua; país tem dia mais sangrento desde independência, com ao menos 47 mortes

União Europeia retira vistos e congela bens de responsáveis por violência; Rússia envia representante a Kiev

DIOGO BERCITO ENVIADO ESPECIAL A KIEV

A Ucrânia viveu ontem seu dia mais violento desde que se desmembrou da União Soviética, há 22 anos.

A trégua, que havia sido estabelecida no país após os confrontos desta semana, foi rapidamente desfeita pela troca de hostilidades entre o governo e opositores. Tiroteios na capital, Kiev, deixaram ao menos 47 mortos.

De acordo com informações do departamento de saúde da cidade, 75 já morreram desde a terça-feira, colocando em dúvida as já inconsistentes negociações entre o governo e a oposição.

A Ucrânia pode estar encaminhada, segundo a opinião de analistas, para uma guerra civil, com a separação entre a região leste, alinhada à Rússia, e o oeste, mais próximo da União Europeia.

A crise ucraniana começou em novembro passado, quando o presidente Viktor Yanukovich rejeitou um plano de integração à União Europeia. Ao preferir aproximar-se de sua aliada Rússia, ele revoltou parte da população --já descontente com a dependência econômica de Moscou--, que tomou a praça da Independência.

A posterior aprovação de leis repressivas, somada a embates com os manifestantes nas ruas, aprofundou o abismo entre o governo e a oposição, levando a Ucrânia a uma violenta divisão social. Hoje, protestos exigem a deposição de Yanukovich.

SANÇÕES

O presidente reuniu-se ontem, a centenas de metros desses embates, com uma delegação de ministros de três países da União Europeia (Alemanha, França e Polônia) para discutir uma solução política à crise.

O governo tem sido pressionado pelos europeus a evitar os confrontos violentos.

Pouco após a reunião, a União Europeia baniu vistos e congelou bens dos responsáveis pela violência nos protestos. Os EUA tomaram medidas similares anteontem.

De acordo com relatos, o encontro com os europeus durou cerca de quatro horas e deve continuar hoje. Há expectativas de que esse diálogo culmine no estabelecimento de um governo interino e na convocação para eleições antecipadas.

Yanukovich conversou também ao telefone com a chanceler alemã Angela Merkel, que exigiu o diálogo "urgente" com os opositores.

A solução política não é simples, porém, uma vez que a oposição na Ucrânia está enfraquecida e dividida.

A Rússia, aliada de Yanukovich, afirmou que as ações europeias e americanas são "chantagem" e que prejudicam a situação na Ucrânia.

PRISIONEIROS DE GUERRA

Em uma declaração recebida por manifestantes como absurda, o ministro ucraniano do Interior, Vitali Zakharchenko, elogiou a "contenção" e a "tolerância" das forças de segurança.

Ele afirmou, ainda, ter entregue à polícia armas de combate a serem usadas "de acordo com a lei". Segundo seu ministério, há ao menos 67 policiais detidos por manifestantes, no país.

A reportagem da Folha testemunhou alguns deles sendo transferidos na praça da Independência, escoltados por opositores como se fossem prisioneiros de guerra.

Apesar da declaração do ministro Zakharchenko, diversos opositores ouvidos pela reportagem nas ruas de Kiev descrevem a ação policial na cidade como sendo pouco contida ou tolerante.

Por outro lado, Oleh Mykhnyuk, comandante de um dos acampamentos da oposição, admitiu às agências de notícias que manifestantes atiraram coquetéis molotov contra policiais durante a trégua.


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