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Milícias contam com bênção das forças do governo

FABIANO MAISONNAVE DE SÃO PAULO

Uma equipe da TV CNN filmava uma manifestação oposicionista em Caracas quando foi cercada por três motociclistas, anteontem.

"No momento seguinte, eu estava olhando para uma pistola 9 mm", conta o repórter Karl Penhaul.

Enquanto os equipamentos eram roubados, relatou ele em vídeo, "membros da Guarda Nacional estavam a nove metros, mas não fizeram nada para intervir".

O ataque à CNN --ameaçada de expulsão por Maduro-- se assemelha a inúmeros relatos de motociclistas intimidando manifestantes, com tolerância e até respaldo das forças de segurança do governo e de aliados estaduais.

Seriam membros dos "coletivos", grupos paramilitares que contam com a bênção oficial. Controlam principalmente a região de 23 de Janeiro, reduto pobre e chavista de Caracas, com cerca de 100 mil habitantes.

Muitos desses paramilitares integram também forças formais de segurança da capital, cuja taxa de homicídio é de 134 por 100 mil habitantes --trata-se da segunda cidade mais violenta do mundo, segundo a ONG mexicana Consejo Ciudadano.

Em entrevista à revista "New Yorker" no ano passado, o ex-governador do distrito de Caracas Juan Barreto (2004-2008) disse que substituiu boa parte dos seus policiais por Tupamaros, uma das milícias esquerdistas do 23 de Janeiro.

Um exemplo disso é Juan "Juancho" Montoya, morto com dois tiros na semana passada durante uma manifestação oposicionista no centro, em circunstâncias ainda não esclarecidas.

Membro da Polícia de Caracas, Juancho, 40, também participava de diversos coletivos do 23 de Janeiro. Ao lamentar a sua morte, Maduro disse que o conhecia havia mais de 30 anos.

Em 2008, Juancho tentou armar uma bomba na Fedecámaras, entidade empresarial que apoiou o golpe de 2002. Mas o artefato explodiu antes da hora, matando um companheiro.

Em aparente sinal de que o atentado não contava com o respaldo de Chávez, Juancho ficou preso por dois anos, apesar de protestos públicos dos coletivos.

Solto, passou a trabalhar num plano de desarmamento lançado por Maduro.

No velório, porém, uma metralhadora repousava sobre o seu caixão.


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