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Marcos Caramuru de Paiva

China-Taiwan: uma possibilidade

Os regimes políticos diferenciados de Taiwan e China são o maior obstáculo para a reunificação

O ambiente no leste asiático não tem sido dos mais tranquilos recentemente. O diálogo político entre o Japão e a China continua interrompido, a China e as Filipinas têm trocado farpas e a frequente presença de autoridades civis e militares norte-americanas na região mais contribui para acirrar ânimos do que para apaziguá-los. Poucos duvidam de que seja esse mesmo o objetivo.

Na semana passada, no entanto, um fato positivo chamou atenção.

O presidente do partido Kuomintang de Taiwan, Lien Chan, realizou uma visita a Pequim com uma delegação de 80 pessoas.

Na sua esteira, o governo chinês filtrou que guarda uma atitude positiva sobre a possibilidade de um encontro entre Xi Jinping e o presidente taiwanês, Ma Ying-jeou, e que o problema Taiwan-China não pode ser deixado de lado, geração após geração.

Do ponto de vista econômico, o relacionamento está avançando --45% das exportações de Taiwan dirigem-se à China, e as empresas taiwanesas são grandes investidoras em território chinês.

Os voos comerciais reestabeleceram-se em 2008 e são hoje mais de 600 por semana.

Neste mês de fevereiro, as autoridades responsáveis pelos assuntos de Taiwan na China e suas contrapartes taiwanesas iniciaram um diálogo inédito.

Olhando a China continental, não é difícil entender que existam portas para uma maior aproximação.

Deng Xiaoping encontrou a solução para incorporar Hong Kong com o slogan: um país, dois sistemas. Mas a verdade é que a China é um país com várias culturas e experiências diferenciadas de gestão --um verdadeiro laboratório de ensaios.

Há dias, por exemplo, divulgou-se que, em Wenzhou, haverá uma regulação para instituições financeiras privadas que só valerá para Wenzhou, nenhum outro lugar.

Ao mesmo tempo, Xangai decidiu que os anúncios de voos nos aeroportos serão feitos não só em inglês e mandarim, mas também em xangainês. Decisão desnecessária, tomada apenas para mostrar que cada lugar é um lugar.

Há áreas rurais remotas em que a população escolhe seus representantes no comitê político local.

A China foi unificada no início do século 20, quando caiu o último imperador. Mas a China continental unificada só se consolidou com o domínio do Partido Comunista.

O Kuomintang e o PC chinês uniram-se nos anos 1940 para combater a invasão japonesa.

Não têm uma história apenas de lutas, por mais duros que tenham sido os seus embates.

Os regimes políticos diferenciados são o maior obstáculo.

E, como Taiwan é mais aberta, se o Kuomintang se mover na direção de alguma interação avançada com a China, a oposição, o Partido Democrático Progressivo, possivelmente objetará.

Na visão de Xi Jinping, a questão é resolver disputas lentamente, da mais simples a mais difícil. Se tiver algum sucesso, independentemente do que mais fizer em sua gestão, já deixará sua marca na história.

Terá começado a virar a página de um tema mal resolvido, um dos poucos que sobraram da Guerra Fria e do conturbado século 20.


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