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Premiê turco é acusado de ter pedido para esconder US$ 66 mi
Em gravação, homem que seria Erdogan orienta filho a esvaziar cofre; oposição pede renúncia
Ligações teriam sido feitas durante ação anticorrupção que abalou governo; premiê afirma ser montagem
A oposição ao governo da Turquia pediu ontem a renúncia do premiê Recep Tayyip Erdogan por corrupção. Ele é acusado de ter orientado o filho a esconder ao menos US$ 66 milhões (R$ 153,8 milhões) em espécie.
A acusação é baseada em uma conversa entre dois homens, que seriam Erdogan e um de seus filhos, Bilal, em 17 e 18 de dezembro.
Na mesma época, ocorria a operação anticorrupção que terminou com a prisão dos filhos de três ministros, provocando uma crise no governo.
No telefonema, os homens, que seriam Erdogan e Bilal, definem entregar o dinheiro a um empresário turco e comprar um apartamento para tentar se desfazer da quantia. O pai diz ao filho que eles podem ter sido grampeados.
A gravação não teve a autenticidade comprovada. Em discurso no Parlamento, o premiê turco afirmou que o áudio foi uma montagem e que os responsáveis devem ser punidos.
"Este não é um ataque contra mim, mas contra a república da Turquia. Eles estão ouvindo os telefones criptografados do governo --vejam quão baixo chegaram."
Erdogan diz ser vítima de uma conspiração articulada pelo clérigo Fettullah Gülen, ex-aliado que tem grande influência na polícia e na Justiça. Ele retirou seu apoio ao governo após o fechamento das instituições de reforço escolar, principal fonte de renda de seu grupo.
Em resposta, o governo afastou desde dezembro mais de 3.000 policiais e 600 magistrados que fizeram parte das investigações. Neste mês, Erdogan ainda aumentou o controle sobre a Justiça e a internet, o que gerou críticas da União Europeia e de entidades de direitos humanos, como a Human Rights Watch.
OPOSIÇÃO
O líder do partido opositor CHP, Kemal Kilicdaroglu, reproduziu a gravação em plenário e disse que é prova suficiente do envolvimento de Erdogan com a corrupção.
"Meu conselho a você [Erdogan]: pegue um helicóptero, deixe o país e renuncie. Quem rouba o Estado não pode continuar como primeiro-ministro."
A transmissão do discurso do opositor foi cortada diversas vezes pela TV estatal.
O telefonema também foi o motivo que levou milhares de turcos às ruas da capital, Ancara, e de outras cidades. Em Istambul, um jovem foi atingido no olho por uma bala de borracha disparada em confronto com a polícia.
