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Crise na Ucrânia derruba mercados; EUA cortam laço militar com Rússia

Moscou amplia presença na Crimeia em meio a rumor de ultimato para tropas ucranianas saírem

Retaliação americana incluiria ainda a suspensão de conversas para aprofundar relações econômicas

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O aumento da presença militar na península da Crimeia e os rumores de que a Rússia teria dado um ultimato para a rendição das tropas ucranianas na região elevaram o temor de um conflito, derrubaram bolsas ao redor do mundo e fizeram com que os EUA anunciassem a suspensão da cooperação militar com a Rússia.

A notícia de que os russos teriam dado prazo até as 5h de hoje (0h em Brasília) para que militares ucranianos na Crimeia se rendessem foi divulgada pela agência de notícias russa Interfax, mas depois desmentida pelo Ministério de Defesa, que a classificou como "sem sentido".

O governo ucraniano tampouco confirmou o ultimato, mas acusou a Rússia de ampliar a presença em seu território, cercando bases militares. Segundo o embaixador ucraniano na ONU, 16 mil soldados russos foram para o país desde 24 de fevereiro. Os EUA falam em ao menos 6 mil.

O presidente interino, Oleksander Turchinov, disse que três navios ucranianos foram cercados na cidade de Sebastopol. Helicópteros e aviões russos também foram enviados para a região.

Em Kerch, no leste da Crimeia, tropas russas assumiram o comando de um terminal de balsas que fazem o trajeto entre a região e a Rússia.

A tensão na Crimeia começou depois que protestos em massa --especialmente em Kiev-- levaram à queda do presidente ucraniano Viktor Yanukovich, aliado de Moscou, e à sua substituição por um governo mais próximo do Ocidente, em fevereiro.

A transição levou a população da Crimeia, de origem majoritariamente russa, a protestar contra o novo governo --e a Rússia, a enviar tropas para a região, onde mantém uma base militar estratégica.

Ontem, Donetsk, Lugansk e Odessa, que ficam fora da Crimeia, também tiveram atos pró-Rússia, com a invasão de prédios do governo.

Na tarde de ontem, o presidente americano, Barack Obama, afirmou que os EUA examinavam uma série de medidas econômicas e diplomáticas para "isolar a Rússia", que acusou de violar leis internacionais.

Horas depois, o Pentágono confirmou ter suspendido as atividades militares com o país, o que inclui exercícios conjuntos, reuniões bilaterais e escalas de embarcações.

O órgão informou que a medida foi tomada "apesar de o Departamento de Estado valorizar a relação desenvolvida com a Rússia nos anos recentes para aumentar a transparência, contribuir para o entendimento e reduzir o risco de erros militares".

Em outra frente, um funcionário do governo disse que o país tinha decidido suspender também o "engajamento" para a criação de laços mais profundos nas áreas de comércio e investimento. A informação não foi confirmada até a conclusão desta edição.

Na Europa, o chanceler francês, Laurent Fabius, afirmou que a União Europeia também discutirá "medidas concretas" de retaliação, como suspensão de acordos econômicos e de negociações de vistos. Líderes do bloco se reunirão na quinta.

A Europa, porém, importa da Rússia cerca de um terço do gás que consome, o que pode frear a adoção de sanções mais duras. Ontem, os europeus sugeriram a mediação internacional da crise pela Organização para a Segurança e Cooperação na Europa.

O Conselho de Segurança da ONU também realizou nova reunião de emergência. No encontro, o embaixador russo, Vitaly Churkin, disse que a destituição de Yanukovich por "abandono das funções", ocorrida quando ele estava em viagem na Ucrânia, foi ilegal.

Churkin afirmou que seria o mesmo que o Congresso americano aprovar o impeachment de Obama enquanto este estivesse em uma viagem para a Califórnia. O embaixador ainda leu uma carta supostamente escrita por Yanukovich, na qual pedia a intervenção de Moscou.

A piora da crise atingiu o mercado financeiro. Os países envolvidos na crise foram os mais prejudicados, com quedas de 11,6% na bolsa de Kiev e de 10,8% em Moscou --a pior no mercado russo desde 2008.

O rublo russo caiu 3%, para seu menor valor em relação ao dólar, o que levou o Banco Central a subir "temporariamente" os juros em 1,5 ponto percentual para tentar conter o ataque à moeda.

A preocupação dos investidores é que uma guerra possa atrapalhar o fluxo de gás natural russo para a Europa Ocidental --os gasodutos passam pelo território ucraniano.

Uma interrupção no fornecimento afetaria as já combalidas economias do sul da Europa, provocando recessão.

O preço do petróleo subiu 1,95% na bolsa de Londres, para US$ 111,20 o barril. A cotação do gás natural avançou 6% no mercado londrino.


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