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EUA sofrem pressão interna para vender gás a ucranianos

Políticos e indústria petroleira aproveitam crise na Europa para tentar liberar vendas para o continente

Argumento é que 'diplomacia energética' reduziria a influência da Rússia, mas estratégia tem limites

ISABEL FLECK DE NOVA YORK RAQUEL LANDIM DE SÃO PAULO

Enquanto a Casa Branca pune a Rússia com novas sanções diante da crise na Ucrânia, cresce a pressão dentro dos EUA para que o governo autorize a exportação de gás natural para o ex-território soviético, limitando a influência de Moscou na região.

Sob o argumento de ajuda a Kiev, republicanos, políticos de Estados produtores de gás e a indústria petroleira aproveitam para impulsionar no Congresso propostas para liberar as exportações e para agilizar, no Executivo, as autorizações para a implantação de unidades de gás liquefeito.

Por lei, os EUA só podem exportar gás para países com os quais mantêm acordos de livre comércio. Nos últimos meses, contudo, empresas de seis países --China, Japão, Taiwan, Espanha, França e Chile-- assinaram discretamente acordos com Washington autorizando a transação.

Em 2013, os EUA ultrapassaram a Rússia como principais produtores de gás do mundo. A quantidade exportada pelo país, porém, é irrisória, e destina-se principalmente ao México e ao Canadá.

A Rússia, por sua vez, exporta 30% de todo o gás consumido na Europa, sendo que a metade dele passa por gasodutos na Ucrânia. Nos últimos anos, Moscou já cortou o fornecimento para Kiev por pelo menos duas vezes --precedente que tem deixado não só ucranianos, mas também europeus apreensivos.

"Há cada vez mais um consenso de que acabar com essa verdadeira proibição de exportações não só controlaria [o presidente russo Vladimir] Putin como ajudaria nossa economia e os nossos aliados na Europa", disse o presidente da Câmara, o republicano John Boehner, ontem.

O especialista em energia Edward Chow, do Centro para Estudos Estratégicos e Internacionais, porém, alerta para a falácia do argumento de diplomacia energética usado pela indústria petroleira.

"Aprovar a exportação não teria impacto algum sobre a situação atual da Ucrânia. Os EUA não têm fábricas de gás liquefeito e não terão até o fim de 2015", afirma Chow.

O Instituto de Petróleo Americano, que representa o setor, reconhece que pode demorar mais de dois anos para as exportações começarem.

"Essa ameaça de a Rússia interromper o fornecimento não vem de agora. Temos que tomar passos hoje para termos a possibilidade de colocar mais gás no mercado em cinco, dez anos", disse Eric Wohlschlegel à Folha.

Para os críticos, as exportações podem significar um aumento no preço doméstico do insumo, elevando custos para a indústria local.

"Não acredito que os EUA devam utilizar a energia com uma arma diplomática", disse Daniel J. Weiss, do Centro para o Progresso Americano.

Para ele, a melhor maneira de reduzir a influência da Rússia é ajudar os países aliados a utilizarem sua energia de forma mais eficiente.


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